Queimadas: órgãos fazem alertam para a importância da conscientização popular

Foram queimados aproximadamente três mil metros quadrado no Parque Chico Mendes (Foto: Divulgação)

O inverno, em Itu, assim como em grande parte do Brasil, é caracterizado por pouca chuva e temperaturas mais amenas. Porém, neste ano, além da estiagem, as temperaturas mais altas do que o padrão para este período, deixam a unidade relativa do ar muito baixa, o que favorece as queimadas, seja por causas naturais ou pela ação do homem.

 No Pantanal, por exemplo, as recentes queimadas destruíram aproximadamente 3 milhões hectares (equivalente à área da Bélgica), causando diversas mortes de animais, além de causar outros danos ambientais.

Em Itu, no último domingo (13), foi registrado um foco de queimada, às margens da Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (SP-300), nas proximidades do Jardim Paraíso I. Além da destruição em si de parte da mata, a fumaça prejudicou a visibilidade de motoristas e levou as chamadas “fuligens” para as residentes tanto do bairro Jardim Paraíso como para condomínios das imediações.

  O Periscópio conversou com a jornalista e empresária Tatiana Lonardo Danna, de 37 anos, moradora do entorno. “A gente percebeu no final da tarde. O fogo foi aumentando, foi se aproximando e trouxe muita sujeira para nossas casas. Uma pena ver esse tipo de coisa, pois sabemos o quanto os animais sofreram, acabam morrendo e o meio ambiente acaba sendo prejudicado de uma forma geral”. comenta. “É preciso ter um pouco mais de cuidado, as pessoas precisam se conscientizar em relação a isso, que infelizmente segue acontecendo”.

 Na última quarta-feira (16), foi registrado um foco de incêndio no Parque Ecológico Chico Mendes, no bairro Cidade Nova, sendo queimados aproximadamente três mil metros quadrados de uma área de mais de 240 mil metros de Área de Proteção Ambiental (APA)

 A reportagem também esteve em contato com a Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente de Itu, que informaram que, desde o início do inverno (20 de junho) até a última quinta-feira(16), foram registradas 17 ocorrências de queimadas na cidade. A administração municipal reforça que as fiscalizações são realizadas mediante denúncias feitas pela população ou flagrantes das equipe, sendo feitas “desde notificações em casos pequenos, até advertências em casos médios (até 5 metros quadrados) e multas em casos graves”.

 A Prefeitura informa ainda que as denúncias podem ser realizadas pelo telefone 156, pelo e-Ouve da Prefeitura de Itu ou pelo telefone (11) 4025-1412, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Aos sábados e domingos, as denúncias podem ser feitas pelo telefone 153 da Guarda Civil Municipal.

Ecossistemas

A Prefeitura comenta que Itu é uma cidade privilegiada, pois “possui dois ecossistemas importantes, a Mata Atlântica e o Cerrado Paulista, e ainda áreas de florestas em transição”. A Mata Atlântica se concentra na parte nordeste e leste do município (imediações da Estrada Parque, APA) e bairros Pedregulho e Piraí Acima. Já o Cerrado Paulista se encontra na região dos bairros Cidade Nova, Taperinha e Tapera Grande.

  “As florestas são fundamentais para o equilíbrio da fauna, refúgio de animais silvestres, regulação do clima e produção de água. Sem florestas temos diminuição da vazão das nascentes e erosão dos rios, prejudicando o volume e qualidade desse bem tão valiosa”, acrescenta em nota a administração municipal.

  A Prefeitura ainda reforça os danos causados pelas queimadas. “Quando as áreas verdes são atingidas pelas queimadas trazem um rastro de destruição, perceptíveis naquele momento como intoxicação pulmonar, morte de animais queimados e outros que tem consequências futuras como a liberação de dióxido de carbono, uma das principais causas do aquecimento global”.

SOS Mata Atlântica

Rafael Bitante, gerente de Restauração Florestal da Fundação SOS Mata Atlântica, também falou sobre as queimadas realizadas no período de estiagem, e como o tempo seco propicia as mesmas. “Ainda assim, as queimadas pelo país a fora não se justificam pelas causas naturais, mas sim, por práticas ruins e falta de cidadania. As práticas ruins, estão atreladas ao uso do fogo para ‘limpeza’ de áreas ou lixo, o que é crime ambiental, mas sem muita consequência para quem adota esta prática, em função da baixa fiscalização”.

O gerente reforça ainda as consequências da ação para a Mata Atlântica. “São diversas, começando pelo impacto local, onde a perda de biodiversidade, ou seja, animais e vegetação que compõem a área atingida, podem ser perdidas localmente, e deixam de prestar preciosos serviços, como regulação do clima, beleza cênica, protegendo corpos d’água”, afirma.

 Rafael acrescenta. “Fora os impactos que propagam uma área muito além da afetada pelo fogo diretamente, poluindo o ar, emitindo dióxido de carbono (principal gás causador das mudanças climáticas), fuligem resultante da queimada sujando espaços e muitas vezes, só com água estas áreas podem ser limpas, o que afeta o consumo de água, em um uso desnecessário e totalmente evitável, se queimadas não fossem tão comuns”, conclui.

Corpo de Bombeiros destaca cuidados

 O JP também conversou com o Corpo de Bombeiros de Itu, que informou que durante este período de estiagem foram afetados 156,3 hectares de vegetação natural, reforçando os cuidados que as pessoas devem ter para evitar as queimadas, como não jogar cigarros ou fósforos nas margens das rodovias ou terrenos, não soltar balões, fogos de artifícios e não fazer qualquer tipo de queimada, principalmente em dias quentes, secos ou com ventos fortes ou perto da rede elétrica.

O Corpo de Bombeiros alerta ainda que se avistar focos de incêndio ou fumaça suspeita, acioná-los por meio do telefone 193.