Reintegração de posse do “Pedra da Paz” está mantida dia 19, afirma investidor

Comitiva maior que a do ato de junho realizou protesto pelas ruas de Itu na última quarta-feira/ Foto – Moura Nápoli

Na última quarta-feira (04), ocupantes do antigo cemitério “Pedra da Paz” e integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) realizaram novo protesto pelas ruas do Centro de Itu, inclusive indo até a imobiliária pertencente ao irmão de um representante dos proprietários da área. O ato contou com acompanhamento da Polícia Militar e Guarda Civil Municipal, não registrando nenhum incidente.

Em seu site oficial, o MTST divulgou que “o que parecia ser um caso perdido, com reintegração de posse agendada para o dia 19 de julho, começa a ser revertido graças à luta de muitos e muitas”. Porém, segundo informações obtidas pela reportagem, a desocupação segue marcada.

 

Mancio Loyola, que representa a BSC – Empreendimentos Imobiliários Eireli, empresa proprietária do terreno localizado às margens da antiga rodovia Itu-Salto, onde vivem cerca de 200 famílias em condições precárias, informou ao Periscópio na manhã de ontem (06) que o processo de desocupação permanece inalterado. O JP tentou contato com a Polícia Militar, mas não obteve retorno.

Na quarta-feira, os manifestantes chegaram a realizar ato em frente à imobiliária de propriedade de Newton Loyola, irmão de Mancio. Porém, pelo informado tanto por Mancio como por Newton, o proprietário da Residencial Imóveis não tem participação alguma na área ocupada.

“Não tenho participação nenhuma, não sou proprietário, nunca tive contato com os proprietários e desconheço totalmente a propriedade da área. Estou acompanhando, evidente, as notícias”, disse ao JP. “Quem tem acesso é o meu irmão, que pelo sobrenome pode estar havendo alguma confusão”, comenta o corretor de imóveis com 40 anos de atuação.

Porém, em seu site, o MTST, através de seu coordenador Clayton Veloso, disse que houve um “proveitoso e positivo o encontro” com Newton Loyola, que recebeu uma comissão de representantes da manifestação e concordou em iniciar o diálogo entre as partes.

“Eu estava em São Paulo, minha irmã – que é minha sócia – me ligou e eu disse: ‘liguem imediatamente para o Mancio, peça para ele vir conversar com o pessoal e tirar isso daqui’. Não preciso passar por esse tipo de situação. Ficaram (funcionários) todos com medo de invasão”, disse Newton.

O corretor disse que a informação de que ele seria proprietário do terreno veio da Prefeitura, que estaria se “desvencilhando” da responsabilidade. Em recente nota, após o protesto de 13 de junho do MTST, a administração municipal informou que “não é parte integrante do processo de reintegração de posse, com o Poder Judiciário tendo se posicionado e isentado a mesma de qualquer tipo de ação, que deverá ser feita pelos proprietários da área”.

 

Reunião

Segundo o MTST, ainda nos próximos dias, uma reunião oficial será agendada entre uma comissão do movimento, moradores, advogados e representantes da empresa responsável. Porém, também de acordo com informações colhidas pela reportagem, não há confirmação de que esse encontro será realizado.

A ocupação do “Pedra da Paz” vem ocorrendo desde 2013. Porém, há relatos de que antes já existiam moradores no local. Uma pequena parcela dos moradores saiu do local, pois tinha parentes que puderam auxiliar – informação da página “Imprensa Aberta”, do jornalista Rafael Ramires.