Sessão Extraordinária tumultuada gera bate-boca entre vereadores na Câmara

“A gente continua passando a mão na cabeça dele. Até quando?” – MACRUZ / “Eu não casso vereador, mas espera um pouco. Não pode fazer daqui um teatro, um palanque para aparecer” – GIVA

Sexta-feira (25) foi um dia tenso na Câmara de Vereadores de Itu. Enquanto o País todo sentia o início dos reflexos da greve dos caminhoneiros, os parlamentares ituanos votavam, em sessão extraordinária e segunda discussão, o projeto que autoriza a Prefeitura de Itu a celebrar convênio para a contratação de mão de obra prisional.

Maria do Carmo Piunti, que havia sido favorável no dia 22, mudou seu voto por conta da não inclusão de uma emenda de sua autoria. A mudança no projeto previa a contratação prioritária de reeducandos (como são chamados os 30 presos do semiaberto que serão contratados) da cidade de Itu e que não tenham sido condenados por crimes hediondos. A emenda não entrou por não ter sido protocolada em tempo hábil.

Entre um discurso e outro, surgiram as discussões mais nervosas. A principal foi entre Reginaldo Carlota, que fazia duras críticas ao projeto, e José Galvão, que acredita que todos merecem uma segunda chance. “Todos que cometeram um erro ou tiverem um familiar detento, não votem no Carlota. O Carlota está pregando aqui que todas as pessoas que erraram, que já foram condenadas, não têm direito a uma segunda chance”, chegou a afirmar o ex-presidente da Casa.

Carlota se irritou e disse que “ninguém é obrigado a votar” nele, além de dizer que Galvão estava colocando palavras em sua boca. Galvão pediu questão de ordem: “É muito fácil vossa excelência vir aqui nesta Casa e querer diminuir todos os demais, se achando o salvador da pátria”, disse Galvão, apontando que Carlota dissemina o ódio.

Carlota respondeu: “Eu não sou o salvador de nada. (…)  Eu nunca diminuí ninguém; eu respeito todos. Se eu tivesse que prejudicar vereador, já tinha prejudicado faz tempo”. O edil saiu do plenário e, na sequência, Macruz fez uso da palavra, criticando a atitude de Carlota, dizendo que ele “foge do debate”.

Carlota voltou ao plenário, pediu questão de ordem e foi pra cima de Macruz. “Eu nunca fujo do debate, a questão é que eu não tenho paciência para ouvir vereador falar. Principalmente o senhor. (…) Eu não sou obrigado a ficar ouvindo vereador falar quando eu não concordo”, disse, bastante exaltado.

Macruz respondeu: “Eu tenho que ouvir você por questão de respeito, coisa que o senhor não sabe o que é”. O vereador ainda disparou: “Ele está, sim, denegrindo esta Casa e nós, vereadores. Nós salvamos ele de quatro cassações. Quatro! Eu não tenho medo dele. Ele manda mensagens intimidando muitos dos senhores, mas pra mim ele não manda. E a gente continua passando a mão na cabeça dele. Até quando?”, questionou.

 

Mais confusão

Após todos os discursos, o projeto foi votado e aprovado por 10×2. Carlota justificou e respondeu Galvão: “Peço aos trabalhadores, às pessoas de bem não votarem nesse vereador”. Galvão então sugeriu que Carlota renunciasse ao mandato. Carlota respondeu: “Renuncie você”. O bate-boca se intensificou. Visivelmente preocupado com a situação, o presidente Mané da Saúde pediu calma.

Galvão e Carlota se encararam. Enquanto isso, Macruz provocava, dando “tchau” para Carlota. Mané suspendeu a sessão por cinco minutos. O clima ficou mais ameno, mas não entre Carlota e Macruz. “Você só está aqui pelos meus votos. Você é um perdedor”, disse o opositor ao desafeto. A turma do “deixa disso” se fez presente e acalmou os ânimos. No fim da sessão, Giva fez discurso dizendo que mais uma vez Itu vai ser depreciada.

“Nós não podemos entrar nessa. A Comissão de Ética está aqui, pode muito bem conversar com o vereador Carlota. E eu não casso vereador, mas espera um pouco. Não pode fazer daqui um teatro, um palanque para aparecer”, disse.