TDAH: saiba mais sobre o transtorno

Transtornos psicológicos são mais comuns do que pensamos. E não se limitam apenas à ansiedade e depressão, tipos mais comuns dessa variedade de condições que afetam o humor, o raciocínio e o comportamento.

Outras doenças psicológicas conhecidas são o transtorno bipolar (distúrbio associado a alterações de humor), esquizofrenia (distúrbio que afeta a capacidade da pessoa pensar, sentir e se comportar com clareza), transtorno obsessivo-compulsivo (pensamentos excessivos que levam a comportamentos repetitivos) e autismo (transtorno de desenvolvimento que prejudica a capacidade de comunicação e interação).

Entre esses problemas existe também o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, mais conhecido como TDAH. Esse tipo de transtorno se caracteriza por três principais sintomas: desatenção, impulsividade e hiperatividade. “Existem crianças que são espalhafatosas, altamente sonoras, muitas vezes coléricas, impulsivas e que ‘simplesmente não param quietas’. São estas as características que estão presentes em casos de transtorno de atenção e hiperatividade”, afirma o psicólogo Thiago Ribeiro Mori Bazzo, da Clínica Luari.

Portanto, o TDAH é normalmente diagnosticado ainda na infância. “A maior parte dos casos de TDAH atinge predominantemente o sexo masculino, e podemos dizer também que os sintomas devem começar antes dos 7 anos de idade, persistir no mínimo por seis meses e ser de natureza invasiva”, explica Bazzo.

O TDAH pode contribuir para dificuldade na escola ou no trabalho e relacionamentos problemáticos. Por isso, desde cedo é importante observar o comportamento da criança. “É necessário também se perguntar se estas características de desatenção e hiperatividade prejudicam a criança de alguma forma, se perturbam a rotina escolar e familiar, e se impedem ou atrapalham no desenvolvimento de forma geral”, ressalta.

Se algum desses sinais forem percebidos, o ideal é procurar um especialista o quanto antes para que seja feito o diagnóstico correto. “Não deve ser um motivo para desespero ou para dizer que a criança está ‘doente’, uma vez que a criança está se desenvolvendo e muitas coisas estão acontecendo com ela”, afirma. “É extremamente importante que a família compreenda e não rotule esta criança”.

Psicólogos Dra. Ariane Mércia Pampolin Miessi e Dr. Thiago Ribeiro Mori Bazzo, da Clínica Luari

Tratamento

O psicólogo explica que “após realizado um diagnóstico por especialistas, é indicado o tratamento multidisciplinar, que será de grande ajuda para a criança e os familiares. Este pode e deve ser realizado por profissionais da área da psicologia, psicopedagogia, neurologia, psiquiatria e, por fim e muito importante, pelos pais”.

Para um resultado mais efetivo é necessária a participação de todos. “É também de extrema importância que na escola haja um tratamento adequado, e para isso contamos sempre com o auxílio da área da pedagogia. Existem inúmeras atividades que podem ser utilizadas dentro da sala de aula para direcionar a atenção da criança, sempre a serem realizadas com paciência e compreensão”, diz.

Outro pilar muito importante para a eficiência do tratamento é a presença e paciência da família. “A família, por sua vez, deve também pedir orientação para os profissionais em como lidar com a criança em casa. Não podemos traçar exatamente um passo a passo do que fazer, porque cada criança é única e sendo assim, cada problema e situação é único. Contudo, é necessário em todos os casos que a família tenha muita paciência antes de julgar e gritar com a criança. Existe a necessidade de entender que esta criança precisa de cuidado e atenção redobrados para que os sintomas possam ser amenizados com o tempo e conforme o tratamento progride”, relata Bazzo.

“Com relação a medicação, é preciso cuidado e cautela. Há inúmeras outras formas de ajudar e o medicamento é apenas uma forma de auxílio, nunca a ser utilizado por si só. É importante citar que o medicamento sozinho não resolve a questão da criança, e que é necessária a colaboração de todos os envolvidos. Remédio não quer dizer cura”, enfatiza.

Plano de Ação para a saúde mental

As causas de doenças psicológicas são multifatoriais, portanto, fatores ambientais como conflitos do dia a dia, acontecimentos traumáticos, carência nutricional, uso de substancias químicas, entre outros, influenciam na manifestação dessas doenças, que muitas vezes não são percebidas.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reconhece o papel essencial da saúde mental e desenvolveu um Plano de Ação Integral sobre Saúde Mental para os anos de 2013 a 2020, traçando planos para o desenvolvimento de cuidados e prevenção dos problemas mentais. Confira os objetivos:

  • Liderança e governança mais eficazes para a saúde mental;
  • Prestação de serviços abrangentes e integrados de saúde mental e assistência social em contextos comunitários;
  • Implementação de estratégias de promoção e prevenção;
  • Sistemas de informação reforçados, evidências e pesquisas.