A tecnologia é panaceia?

Por José Renato Nalini

 

Evidentemente, não. Ela é instrumento, é ferramenta, é meio para tornar a vida mais fácil. Não pode ser ignorada pela educação, chave de resolução de todos os problemas do convívio. Mas não é milagrosa. Foi isso que a McKinsey apurou no seu relatório realizado após a Prova PISA de 2015. A conclusão a que os especialistas chegaram: embora a tecnologia possa dar um suporte ao aprendizado dos alunos fora da escola, os efeitos de sua utilização dentro das escolas são ambíguos. Os melhores resultados são obtidos quando a tecnologia é colocada nas mãos dos professores.

Evidente que estamos imersos em plena 4ª Revolução Industrial e de que ela modificou profundamente nossa vida. As Tecnologias da Comunicação e Informação não podem deixar de ser levadas a sério pela educação. Há vários anos a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo investe nas “salas de acesso”, com vinte computadores disponíveis aos alunos. Agora vai mudar a estratégia e se servir de um carro com quarenta tablets e conectividade intensificada.

Também se obteve da Assembleia Legislativa permissão para uso de celular em sala de aula, com finalidade pedagógica. Mas a Mckinsey questiona se, em vista do dinheiro e atenção que as TICs recebem, elas contribuem de fato para melhorar o aprendizado. Um relatório global da OCDE de 2015 concluiu que as evidências de que isso acontece são, na melhor das hipóteses, ambíguas. Nos países em que se investiu maciçamente nas TICs, não houve melhorias apreciáveis no aproveitamento dos alunos em leitura, matemática ou ciências. Há quem tema que a tecnologia em sala de aula desumanize a educação e tire a autonomia dos professores.

Em sentido contrário, apurou-se que o contato precoce com as tecnologias está associado em notas mais altas em ciências mais tarde. Também é óbvio que o modo como os alunos gastam seu tempo é importante. Pesquisas externas demonstraram que acessar a internet com objetivos educacionais e para aprendizado interativo por meio de games tem efeitos positivos, ao passo que a participação em mídias sociais é negativa.

Não há dúvida, também, ao menos pela constatação empírica, da maior eficácia da tecnologia quando voltada aos professores. Por isso é que a Secretaria da Educação Estadual Paulista cuida de oferecer ao seu corpo docente uma capacitação contínua. Uma prova cabal do bom uso é a possibilidade de controle de frequência – a secretaria digital – a realização de exercícios e de provas pelas redes, a correção quase que imediata, o contato online permanente entre professor e aluno e até o monitoramento do desempenho do estudante por parte de sua família.

Caminha-se agora rumo ao livro digital, pois a migração do material físico para o virtual é uma tendência também irreversível. Não se pode ignorar a dependência que o uso desses mobiles causou na juventude e até na infância universal. Abolir a utilização é contraproducente. O necessário é encontrar fórmulas que façam da tecnologia uma aliada no aprendizado e não um fator a mais de falência da educação convencional.

 

José Renato Nalini é Secretário da Educação do Estado de São Paulo