Thiago Gonçales descarta novo prédio da Câmara de Itu

Thiago Gonçales na mesa da presidência. Ele quer dar a sua “cara” ao Legislativo municipal (Foto: André Roedel)

O novo presidente da Câmara de Vereadores de Itu já iniciou os trabalhos. Thiago Gonçales (PL), eleito para comandar os trabalhos do Legislativo ituano em 2021, recebeu a reportagem do JP na quarta-feira (13) e falou sobre esse começo de gestão e o que parlamentares e sociedade podem esperar de seu comando ao longo do ano.

“É um mini-prefeito”, brinca ele sobre as incumbências da presidência. O chefe do poder Legislativo tem como grande atribuição, além de comandar as sessões, gerir toda a Câmara, que conta com cerca de 80 funcionários – além de, em caso de impedimento de prefeito e vice, assumir a chefia do Executivo municipal.

Thiago conta que está aprendendo a nova função, mas que adquiriu experiência em seu mandato anterior, quando foi vice-presidente em 2018. “O Ricardo [Giordani], que foi presidente ano passado, a gente tinha uma proximidade muito grande. Ele me passou muitas coisas, principalmente contratos”.

Segundo ele, o ex-presidente “deixou a casa em ordem”. Porém, ele já revê alguns contratos. “Eu acho importante ter apenas o que é necessário. A gente não precisa de luxo”, comentou o presidente. Uma das alterações é com relação ao ILI (Instituto do Legislativo Ituano), que hoje tem sede no Espaço Fábrica São Luiz. Thiago quer rever o valor do aluguel.

“Vou ver se consegue reduzir o aluguel de lá e se a gente consegue usar mais aquele espaço para outras coisas. Se não, a gente volta para cá e economiza um dinheiro”, afirmou o presidente. Atualmente, a Câmara também é responsável pelo prédio do Ituano Clube, na Praça da Matriz, pagando conta de água e luz do local. Questionado se o local não poderia abrigar o ILI, Thiago alega que a reforma necessária no espaço não compensa.

Por conta da pandemia, a realização de eventos e palestras segue indefinida. Por isso, Thiago quer que o ILI use mais a internet. Mas, com a melhora na situação, ele espera que atividades possam ser realizadas no plenário da Câmara também. “A população tem que usar mais o plenário”, afirma ele, que pretende retornar com o público (reduzido) quando as sessões iniciarem em fevereiro.

Thiago Gonçales elogiou os funcionários concursados da Câmara. “O pessoal que tem aqui dentro é muito competente. Independente do presidente, a Câmara vai funcionar normalmente. O suporte que os vereadores precisam, os funcionários já dá. O presidente serve para dar o perfil dele”.

E qual é o perfil de Adautinho, como é conhecido? “É um perfil muito de diálogo, de conversar com todos. De transparência”, declara ele, que quer otimizar o site da Câmara para dar mais transparência aos trabalhos, além de incentivar que a população use o serviço de ouvidoria do Legislativo, que é um poder independente. “Ou você tem coragem de fazer o que precisa ou deixar tocar sozinho”.

“A gente tenta muito a excelência no atendimento com as pessoas. Sempre atendi muito bem, tentar resolver o problema. Quando não dá para resolver, falo com a pessoa, dou esse retorno. É muito importante. Tentar trazer isso para a Câmara de vereadores também”, prossegue o presidente, que quer deixar um legado de transparência.

Polêmicas

Thiago Gonçales não fugiu de temas espinhosos, como a TV Câmara e o novo prédio do Legislativo. “O prédio novo está descartado, na minha gestão. É claro que quem conhece o prédio da Câmara sabe como o espaço é limitado, mas dá para trabalhar. Se fossem 19 vereadores, por exemplo, já seria bem difícil, porque não tem salas quase pra 13 vereadores”, explica.

Porém, ele sabe que não é hora para se pensar nisso. “No meu mandato como presidente não vai entrar em pauta o assunto de prédio novo, até porque estamos num momento bem difícil e politicamente não vale a pena esse desgaste”, frisa.

Sobre o canal do Legislativo, Thiago afirma que o suporte necessário já existe – deixado pelo ex-presidente Giva Silva (Cidadania). “A gente tem equipamentos se quiser fazer. Eu não sei os custos disso ainda. Eu acho que tudo que for para dar uma maior visibilidade é interessante, mas não sei se necessariamente precisaria estar na TV aberta. Hoje as mídias sociais, acredito, dão uma maior visibilidade que a própria televisão”, argumenta.

Relacionamento

Apesar das sessões não terem iniciado, o relacionamento com os demais vereadores já começou desde o primeiro dia do ano, com a sessão de eleição da mesa diretora e, mais tarde, a divisão dos gabinetes – quem já tinha mandato teve preferência na escolha. Mas, por enquanto, o contato com os demais edis está tranquilo, com os novatos tirando dúvidas.

“Eu vou disponibilizar para eles uma palestra sobre os procedimentos dos assessores e dos vereadores, como funciona a parte interna da Câmara. Acho legal a gente pegar o ILI e a Câmara e dar suporte para essas pessoas, para poder prestar um serviço melhor”, argumenta ele, que pretende expandir a qualificação para funcionários.

A respeito dos demais integrantes da mesa diretora, Thiago tem só elogios. Mas a composição não seria essa. “A primeira pessoa que eu convidei para ser vice-presidente foi a Maria do Carmo Piunti (PSC). Eu queria ter uma pessoa de oposição para mostrar que realmente somos poderes diferentes. Ela agradeceu, mas não aceitou”, recorda.

Então, ele convidou Douglas Boschetti e Célia Rocha, ambos do PL e que vieram do Executivo, e Luisinho Silveira (MDB), eleito com grupo de oposição. “Eu queria trazer um vereador de outro grupo para montar a chapa”, afirma ele, que chegou a convidar Marcos Moraes (PSL) – que, por ser advogado, não pode fazer parte da mesa diretora.

“Mas a gente conseguiu conciliar esses vereadores que têm total competência e acredito que vão me ajudar muito”, prossegue Thiago, que quer tornar as decisões da presidência mais abertas aos demais edis e também para a imprensa. “A nossa prestação de contas passa diretamente por vocês da imprensa”, declarou.

Sessões

Além da volta do público de forma reduzida, Thiago quer realizar a entrega de títulos e demais homenagens dentro das próprias sessões ordinárias – reduzindo gastos. O presidente também espera um maior uso da Tribuna Livre, convidando secretários e demais representantes da sociedade civil organizada, mesmo que de forma virtual. “Acho que toda sessão alguém deveria fazer uso da palavra”.      

Fora isso, Thiago não pretende realizar novas mudanças no regimento interno, como horário e dia da sessão – mas, caso seja proposto por algum vereador, poderá colocar em pauta. “Por enquanto nenhum vereador me procurou quanto isso. Eu, particularmente, prefiro de terça-feira”, afirma.