UM GORDO INESQUECÍVEL

Uma pessoa que nunca me lembrei de citar nesta coluna, foi o Henrique Menquini. Acho que todos vocês conhecem algum gordo ao longo da vida. Devem ter notado que a imensa maioria deles se compõe de pessoas agradáveis, irônicas, engraçadas e amigas. O nosso Henrique era tudo isso e assim era querido de todos, uma companhia indispensável. Ele foi um dos melhores (senão o melhor…) treinadores de futebol de salão da cidade, na década de 60. Sempre militou no Grêmio Paula Souza, sendo por várias vezes campeão ituano. Fora do futebol, ele trabalhava com a própria família que possuía a “Funerária Menquini” que era concorrente da Casa Tobias que também vendia caixões. Era comum vê-lo ao volante do furgão fúnebre da empresa, o qual ele usava tanto para o trabalho como para passeios e namorar. O saudoso Tenente Dionísio que sempre foi um pândego, cada vez que via o Henrique com o carro fúnebre nas ruas, se curvava e fazia o nome do pai, se benzendo. Claro que o Henrique fingia ficar fulo da vida e jogava o veículo para cima do Dionísio. Mas no fim acabava em risos. Certa vez, era um sábado à tarde, o Grêmio já estava na quadra para jogar, quando surgiu um rapaz bem humilde para conversar com o Henrique e foi logo explicando: – Seu Henrique, eu estou numa enrascada que talvez só o senhor possa me ajudar. Eu vou casar agora as 18 horas na Matriz e tinha um primo que iria buscar a noiva na casa dela. E não há de ver que o carro dele quebrou agora de pouco e não vai ser possível. Procurei um carro de praça mas estão todos ocupados. Fui para a igreja desmarcar o casamento, mas ai o próprio vigário lembrou do seu nome. Ele mencionou que se o senhor puder me ajudar seria com esse carro funerário. Mesmo assim eu concordei. A história comoveu Henrique e os próprios jogadores o incentivaram a prestar o favor. E assim foi uma das raras vezes em que o time jogou sem o seu treinador. Quando chegou o treino de segunda-feira, na quadra do Regente Feijó, por volta das 15 horas, os jogadores quiseram saber do Henrique, como foi o casamento. O Henrique, todo sério, explicou: – “Tudo transcorreu direitinho, mas hoje o noivo está no cemitério e a noiva no hospital…” Antes que ele terminasse a frase, foi um choque para os atletas: – Como é que é Henrique? Que horror! Pelo amor de Deus! O que aconteceu?

– Acontece gente, que o noivo é coveiro e a noiva é enfermeira…

Foi um alívio geral.