Vacinas começam a ser aplicadas em Itu

Noivo de Carla, 1ª vacinada na Unimed Salto Itu, foi infectado e tem lutado contra as sequelas (Foto: Divulgação/Unimed)

As primeiras doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan e a biofarmacêutica chinesa Sinovac, chegaram a Itu por volta da 0h40 da última quarta-feira (20). O Centro de Distribuição de Logística do Governo de São Paulo enviou, sob escolta da Polícia Militar, as doses para o serviço de Vigilância Epidemiológica de Itu, que coordena a distribuição no município.

 As primeiras das 1.840 vacinas referentes à primeira dose (ou seja, destinadas a 1.840 pessoas) começaram a ser aplicadas na mesma data, por volta das 7h. Com isso, Itu deu o pontapé na vacinação na região de Sorocaba. A primeira ituana vacinada foi a técnica de enfermagem Rose Neves Cintra, de 52 anos, que atua no Hospital de Campanha desde que o mesmo foi inaugurado.

“Eu fiquei surpresa e feliz em ser escolhida a primeira profissional da linha de frente a receber a vacina. É preciso se proteger, inclusive, por amor ao próximo, porque se eu me contaminar, posso contaminar outras pessoas. Eu peço para que as pessoas que fazem parte dos grupos da campanha se imunizem, peço que acreditem na vacina assim como eu acredito”, afirma ela ao JP.

 Funcionária da Prefeitura de Itu há 20 anos, Rose é diabética e, portanto, grupo de risco da Covid-19. Mas ela não teve medo de enfrentar a doença e se prontificou a atender a população na linha de frente. Ela afirma que não pensou nos riscos, e sim no trabalho e em salvar vidas. “Fiz da minha fé o meu escudo”, comenta ela, que defende a vacina. “Devemos aceitar tudo o que está sendo construído de bom para combater essa doença”.

 Quem aplicou a primeira vacina (e recebeu a segunda logo em seguida) foi a enfermeira responsável pelo Hospital de Campanha, Luciana Maria Nunes Lelli. “Foi um momento de muita emoção, que guardarei para sempre na memória e no coração. A vacina é a esperança, depois de tanto sofrimento. A partir dela, começamos a ‘enxergar’ essa esperança e a ter um alento, pois confiamos na ciência e sabemos dos benefícios dessa imunização”, conta ela à reportagem.

 A secretária municipal de Saúde, Janaina Guerino de Camargo, que na oportunidade também representou o prefeito Guilherme Gazzola (PL), e alguns funcionários da saúde presenciaram a aplicação da primeira vacina. Gazzola, que recentemente testou positivo para Covid-19 e encontra-se em isolamento social, declarou que todos os que, como ele, acreditam na ciência, estão esperançosos com o início da imunização e, consequentemente, de um novo tempo. Segundo apurado, o prefeito está bem, mas teve dores no corpo e dificuldade para respirar.

 Para Janaina, a imunização revela um novo cenário para a pandemia e especificamente, a partir dessa data, mais proteção para esses profissionais que, de forma incansável, têm se dedicado ao longo de meses com o objetivo de salvar vidas. Enfatizou que todos os protocolos sanitários – como uso de máscaras de proteção, distanciamento social, constante higienização das mãos –, ainda são primordiais e não devem ser abandonados mesmo com a vacinação.

Relatos

 A vacinação contra a Covid-19 teve início no hospital da Unimed Salto/Itu na manhã da última quinta-feira (21) em meio a muita emoção. Três colaboradoras da linha de frente foram convidadas para receberem a primeira dose da vacina e, assim, abrir oficialmente a campanha de imunização.

 A enfermeira Carla Milena dos Santos, que trabalha no pronto-socorro adulto e infantil, foi a primeira a receber o imunizante. “Particularmente, para mim, foi emocionante porque eu atravessei momentos muito difíceis com essa doença esse ano, não só com a minha profissão, mas com as partes mais próximas de mim que são meus familiares”, afirma.

 Em setembro do ano passado o noivo de Carla foi infectado e, desde então, tem lutado contra as sequelas deixadas pela doença. “Foi muito difícil e ainda tem sido muito difícil, mas graças a Deus, a gente está lutando. Isso hoje foi uma vitória. Só queria que todos tivessem a mesma oportunidade, mas se Deus quiser, vão ter”, ressalta.

  A técnica de enfermagem Alessandra Sampaio, que também atua na Unimed Salto/Itu, também já foi vacinada. “Não há como negar a felicidade em tomar essa vacina. Nós que estamos na linha de frente e acompanhando de perto o sofrimento de famílias inteiras sabemos bem como tem sido lidar com isso e, além da nossa saúde física, há claro uma preocupação mental em não pirar com tudo que vem acontecendo e principalmente sendo falado”, declara.

  Para Alessandra, o “futuro que irá dizer” sobre a eficácia. “Se foi aprovada, temos que acreditar que vamos vencer essa batalha. Então estou feliz, claro, com essa imunização, mas também muito ansiosa que familiares a amigos possam ter a mesma sensação que tive ao ser vacinada, de esperança”, finaliza.

Ituanos que atuam na linha de frente em outras cidades também foram vacinados contra o coronavírus. É o caso do médico Dr. Carlos Alberto de Oliveira Filho, que recentemente se formou na Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Petrolina/PE e hoje atua no Hospital Municipal de Camamu/BA.

“Não sei nem descrever a alegria e a sensação boa de ter tomado a vacina. Sentir que finalmente estão te dando uma armadura para encarar um dragão de frente! Saber que a batalha ainda continua, e que todos os cuidados ainda devem ser tomados”, afirma ele. “Sensação de novos tempos e coisas boas que virão e acontecerão”, prossegue o médico.

Cronograma

 A cidade de Itu recebeu 1.840 doses de vacina, que serão aplicadas em profissionais da saúde que atuam na linha de frente (Hospitais e Unidades de Atendimento Covid). Esses profissionais serão vacinados in loco pela equipe da Secretaria Municipal de Saúde e foram priorizados nessa primeira etapa da vacinação.

 A Secretaria Municipal de Saúde estima vacinar aproximadamente 3.500 profissionais da saúde – incluindo os da linha de frente – já cadastrados nos bancos de dados da pasta. Toda a logística e planejamento para a vacinação foi previamente elaborado pela referida Secretaria, que anunciará as demais etapas de imunização, seguindo orientações de órgãos superiores e conforme o recebimento de doses da vacina.

 Segundo a Prefeitura, a aplicação da segunda dose ocorrerá no prazo protocolar de 21 a 28 dias, completando assim o ciclo de imunização. Os órgãos superiores ainda não indicaram a data da distribuição da remessa de segunda dose do imunobiológico.

      “A Secretaria Municipal de Saúde tem a garantia do Governo do Estado do envio das 2ª doses para as pessoas que receberam e ou receberão as 1ª doses do lote enviado no dia 20 de janeiro. Porém, não tem informações oficiais sobre quantitativo e data específica para recebimento de novas doses da vacina”, informou em nota.

   Portanto, ainda não dá para saber se o cronograma estabelecido pelas autoridades superiores poderá ser cumprido. Além da CoronaVac, a vacina desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca e pela Universidade de Oxford – que sendo fabricada no Serum Institute, na Índia – também foi aprovada para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

  Após grande polêmica envolvendo o envio das doses, o Ministério das Comunicações informou por meio de nota oficial que vacinas estavam previstas para chegar ao Brasil, vindas da Índia, ontem (22). Foram contratadas duas milhões de doses.