Veganismo: estilo de vida do futuro

Por Nayara Palmieri

Na última sexta-feira (1º) foi comemorado o Dia Mundial do Veganismo. Essa data foi escolhia em 1994 por Louise Wallis, presidente da Vegan Society, em comemoração aos 50 anos da fundação da Sociedade Vegana do Reino Unido, fundada em 1944. Mas, afinal, você sabe o que é veganismo? De acordo com a Sociedade Vegana da Inglaterra, a entidade vegana mais antiga do mundo, o veganismo “é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade”.

É por essa definição que Ana Luísa Tomba, de 23 anos, segue uma alimentação mais natural. A comunicadora conta que está sem consumir carne há dois anos, além de usar cosméticos naturais e evitar embalagens de plásticos, mas que não gosta de se rotular. “As pessoas entendem como vegano uma pessoa que já excluiu tudo (de origem animal), mas não. É uma pessoa que procura excluir na medida do possível”.

Ana Luísa Tomba compartilha suas receitas nas redes sociais Foto: Reprodução/Instagram/@naluuuuuuuuuuz

A jovem conta que seu consumo de derivados de leite, ovo ou mel está diminuindo com o tempo, do mesmo jeito que foi com a carne. “É mais um processo natural, como eu acredito que deva ser. Sempre que posso, evito os derivados de leite também, e, especialmente, por conta do processo inflamatório que ele causa no meu organismo”, diz.

Segundo uma pesquisa do IBOPE realizada em 2018, cerca de 29,2 milhões de brasileiros não consomem alimentos de origem animal. Esse número apresentou um aumento de 75% de 2012 a 2018. O resultado mostra que cada vez mais as pessoas estão se preocupando com a própria saúde, buscando uma alimentação mais saudável para o meio ambiente e para a vida dos animais.

Veganismo e meio ambiente
A criação de animais para abate é hoje a principal responsável pelo aquecimento global. Para se ter uma ideia, a produção de um quilo de carne bovina envolve o consumo de 16 mil litros de água. No caso do Brasil, o país líder em exportação mundial de carne, existe a emissão de 335 kg de CO2, o principal gás destruidor da camada de ozônio, gerado tanto pelo desmatamento quanto pela combustão das fezes do gado.

No caso da destruição da vegetação, segundo dados divulgados pelo Greenpeace em 2009, a cada 18 segundos um hectare de floresta Amazônica, em média, é convertido em pasto. O rebanho bovino brasileiro, em 2008, já ocupava uma área maior que 200 milhões de hectares, número que corresponde a mais de 20% do território brasileiro.

A criação de gado para abate e consumo humano é mais agressiva à destruição ambiental do que os automóveis e a indústria de petróleo, de acordo com pesquisa realizada, e divulgada em julho de 2017, pelo Instituto de Agricultura e Política Comercial e da organização Grain.

Ainda de acordo com as pesquisas, se a indústria de carne não desacelerar seu crescimento, será responsável por 27% do efeito estufa até 2030 e, mais, por 80% do aquecimento global até o ano de 2050. Por isso, há diversos motivos que levam alguém a optar pelo veganismo. Ana Luísa conta que no caso dela a questão ambiental foi a que mais pesou.

“O movimento é sobre a gente, é sobre tudo que o veganismo engloba. É uma questão política, econômica”, declara a comunicadora. Para o professor e empreendedor Kauê Barcelli, de 30 anos, vegano há 1 ano e 11 meses, não foi diferente. “Eu decidi primeiro pela questão da vida. Sempre acreditei que todo ser vivo merece ser livre. E depois eu vi que a industria pecuária, a indústria de exploração animal, além de explorar a vida do animal, ela destrói o planeta em todos os outro aspectos, ambiental, água, poluição e aí eu decidi me tornar vegano”, afirma.

Vila Vegana oferece diversas opções em seu cardápio, incluindo pratos “normais” adaptados para receitas veganas Foto: Divulgação

Ponto de encontro
Veganos costumam encontrar obstáculos quando querem sair e se distrair com os amigos, pois não existem muitas opções de locais com comida vegana – o que faz com que veganos comam em casa antes de sair, ou fiquem apenas na porção de batata frita. Pensando nisso, Jaqueline Rizzi, junto com Gustavo e Adriana Rizzi, resolveram abrir um espaço totalmente dedicado aos veganos em Itu: a Vila Vegana.

Veganos, os três sentiam falta de uma opção para sair e curtir os amigos, mas que atendesse ao estilo de vida deles. Sendo assim, resolveram eles mesmos ir para a cozinha e fazer versões veganas das receitas que mais gostam. Assim surgiu a Vila Vegana, em atividade no Centro de Itu há um ano, e que funciona de sexta-feira a domingo com atividades para crianças, palestras, eventos e vivência do mundo vegano.

BENEFÍCIOS DO VEGANISMO PARA A SAÚDE

De acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o veganismo:

  • Previne doenças crônico-degenerativas, como Alzheimer e Parkinson;
  • Diminui riscos de doenças cardiovasculares;
  • Reduz o desenvolvimento de diabetes;
  • Abaixa a possibilidade de obesidade;
  • Diminui riscos de doenças oculares;
  • Reduz doenças renais;
  • Abaixa os riscos de câncer;
  • Auxilia na recuperação muscular e performance em exercícios.

A SVB conta que as dietas veganas trazem resultados benéficos na prevenção e no tratamento de diversas doenças crônico-degenerativas não transmissíveis.