VENEZUELANOS EM RORAIMA

Sei que muitos têm acompanhado o noticiário a respeito do grande número de venezuelanos que atravessam a fronteira chegando em Roraima. Não pretendo, neste artigo, fazer comentários factuais. As informações estão rodando na mídia e a situação é mesmo muito preocupante. Limitar-me-ei a tecer algumas considerações.

Primeiro é preciso explicar que os venezuelanos atravessam a fronteira pelo norte de Roraima e eu estou em missão de evangelização no sul do Estado, ou seja, no extremo oposto. Portanto, não vi cenas de gente andando milhares de quilômetros para procurar comida e trabalho. Mas isso existe e é o que relatam os que vivem perto da região fronteiriça.

Há alguns dias participei de um retiro espiritual no norte de Roraima. No meio do caminho os guardas de fronteira, do Exército, param os carros e perguntam se alguém a bordo é estrangeiro, ou seja, venezuelano. Há milhares tentando chegar à capital, Boa Vista, em busca de oportunidades. Mas o Estado não tem condições de acolher a todos.

O fluxo chegou a ser de 200 refugiados por dia em Boa Vista. Lembrando que aqui a capital tem o tamanho e a estrutura de uma cidade mediana do Estado de São Paulo. Boa Vista não deve ser nem do tamanho de Sorocaba (SP). Simplesmente não há abrigo, comida, remédio ou emprego para milhares de pessoas chegando sem parar.

Aqui no sul de Roraima não estou tão próximo dessa realidade dos refugiados. Sim, digo refugiados porque são pessoas que fogem de seu país natal. Entendo todas as questões sociais e econômicas que um fluxo migratório acarreta. Mas, em primeiro lugar, está a vida de famílias de seres humanos, principalmente das crianças e idosos.

O ideal seria que não precisassem fugir e que o demônio a quem chamam Maduro não obrigasse o seu próprio povo a uma situação tão calamitosa apenas para manter seu projeto de poder. O salário mínimo na Venezuela atual é de míseros 15 reais…

O povo venezuelano nada em gasolina mas não tem o que comer. E mesmo que tivesse dinheiro, não há o que e nem onde comprar. Trata-se de um verdadeiro inferno social causado por anos de desmando comunista em nosso país vizinho. E pensar que há gente aqui no Brasil apoiando algo assim. Perdoai-lhes, não sabem o que fazem…

Nas cidades da Missão há muitos venezuelanos, mas em condições melhores. Geralmente são os que conseguiram vir embora com algumas posses. Chegando aqui abrem um comércio, compram um terreno para plantar, etc. Em solo brasileiro conseguem se virar e tocar a vida.

Fiz amizade com uma família venezuelana que tem uma pizzaria. São muito educados e trabalhadores. São gente como a gente, sofridos e batalhadores, cheios de sonhos para o futuro. Embora a situação dos refugiados seja muito complicada, é um alento perceber que alguns venezuelanos conseguem encontrar esperança e acolhida em solo brasileiro.

Deus continue abençoando a todos nós!

Amém.

Salathiel Westphalen de Souza

Cadeira nº 27 | Patrono Dom Gabriel Paulino Bueno Couto