100 dias de gestão

Por André Roedel

 

Além do espanto pelo surpreendente resultado da eleição, outro sentimento dividiu boa parte dos cidadãos ituanos na noite de 2 de outubro de 2016: o de dúvida. “Como será a gestão do novo prefeito Guilherme Gazzola (PTB)?” Essa era a pergunta que pairava no ar e que só começaria a ser respondida três meses depois. E agora, com pouco mais de 100 dias de mandato, dá pra se ter uma resposta um pouco mais clara.

O governo Gazzola, que parecia ter unido “gregos e troianos” pós-pleito, foi dividindo as opiniões a cada nova medida impopular ou polêmica tomada. Só para se ter uma ideia, a atual administração já enfrentou três protestos: o de um sindicato na inauguração da CIS (Companhia Ituana de Saneamento), o dos professores por conta das mudanças salariais e o dos estudantes pela mudança no EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Essas medidas que desagradam parcela da população denotam uma “nova” forma de se fazer política: adotando a figura do gestor, e não de político, tal qual o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) vem fazendo. É inegável que o chefe do Executivo ituano se inspira no empresário. Do comportamento nas redes sociais ao modelo de gestão pautado em corte de custos, Gazzola vem se aproximando do padrão Doria, governando a cidade focando na austeridade econômica – lema do seu início de mandato.

Porém, diferente de Doria – que atingiu uma popularidade jamais vista em igual período por um prefeito da capital paulista e já se credencia a ser candidato presidencial ano que vem –, o petebista divide a opinião pública. Como em Itu não há nenhum tipo de pesquisa nesse sentido, o termômetro usado são as redes sociais. No Facebook, é possível encontrar muitas críticas e elogios ao mandatário ituano, em igual quantidade. Com Doria, as críticas ficam restritas à turma da esquerda petista.

Muitas das críticas recebidas por Gazzola são oriundas das pessoas afetadas por alguma de suas mudanças (como os próprios professores afetados pela alteração no cálculo de seus salários) ou de pessoas que integram os mais diversos grupos políticos que Itu tem. Fora que o prefeito vem ouvindo reclamações até por buracos em ruas abertos em gestões passadas.

Isso acontece porque o povo é ávido por mudanças. E foi isso que Gazzola, ainda em campanha, pregou. “Itu precisa mudar” era seu slogan. A população quer essa mudança o mais rápido possível – até porque aguarda boa parte delas há anos. E, enquanto essas mudanças não forem promovidas, o governo vai ter que apreender a conviver com as críticas.

Até porque muitas mais virão nos próximos 100, 200, 300 dias de governo. Porque para implantar todas as mudanças necessárias e prometidas, o status quo (como o próprio Gazzola comentou em recente entrevista ao “Periscópio”) vai ser desestabilizado. E qualquer mudança dessas gera receio por parte da população – ainda mais a ituana, acostumada e amortecida com a ordem atual.

Que o povo tenha paciência e o governo sabedoria para conduzir esses processos de mudanças tão necessárias para que Itu se torne uma cidade realmente sem igual – e que isso não fique limitado à marca da administração.