Em pleno “Berço da República”, manifestantes pedem a volta da monarquia
Por André Roedel
Na chuvosa manhã do último 15 de novembro, data em que a Proclamação da República completou 130 anos, um grupo de pouco mais de 30 pessoas se reuniu no Centro de Itu não para celebrar a data, mas para lamentar. Reunidos, eles percorreram as ruas principais carregando bandeiras dos tempos de Brasil império e realizaram um abaixo-assinado pela volta da monarquia – forma de governo em que um rei ou imperador exerce a função de chefe de Estado, derrotada no Plebiscito de 1993.
Intitulada “Convenção Monárquica” em alusão à Convenção Republicana de 1873, a manifestação foi pacífica e encabeçada pelo funcionário público César Rogério Jaques, que ao longo do trajeto apresentava pontos turísticos e históricos da cidade, como o Cruzeiro Franciscano, a Casa Imperial, as igrejas e os museus. Jaques está à frente do movimento “Itu, Fidelíssima do Império”.
Marcado para começar às 8h30, o ato atrasou e foi iniciar por volta das 10h. O céu nublado e o fato de ser feriado espantou o público, comentavam os participantes. Com seu filho fantasiado de Dom Pedro I e uma outra menina vestida de Imperatriz Leopoldina, Jaques foi à frente dos manifestantes acompanhado de uma caixa de som, que tocava a programação da primeira rádio monarquista do Brasil, a Web Rádio Brazil Imperial, que está no ar desde agosto.
A rádio tocava músicas de diversos gêneros, como rock e até rap, com letras que exaltam a monarquia. Além disso, da caixa de som também era possível ouvir músicas temas de conhecidos filmes, como “Os Vingadores” e até “Star Wars” – cuja trama central mostra a oposição da Aliança Rebelde contra o Império, mostrado como um regime autoritário, maléfico e militarizado de um ditador.
Durante a passeata, Jaques entregou homenagens para integrantes do movimento monarquista – poucos eram de Itu, sendo que a maioria veio de outras cidades, como Taubaté, Sorocaba e São Paulo. A honraria ganhou o nome de “Arlindo Veiga”, em alusão ao ituano Arlindo José da Veiga Cabral dos Santos, um intelectual, poeta, escritor e líder político brasileiro que defendia a monarquia.
Em uma das paradas do trajeto, em frente ao Museu Republicano – que fica no casarão onde ocorreu a Convenção de 1873 –, os monarquistas leram o abaixo-assinado, onde consideram a Proclamação da República “um golpe promovido no Rio de Janeiro por uma pequena minoria de civis e militares” e no qual chamam “a todos os brasileiros e patriotas de bem, para juntos resgatarmos o Brasil e a dignidade dos brasileiros”. O documento ainda afirma que a Princesa Isabel teria conseguido, dentro do regime monárquico, “seu caminhar histórico nas vias da Civilização Cristã”.
Aliás, a religião católica anda de mãos dadas com os monarquistas ituanos e no geral. Apesar de Jaques deixar aberto o movimento para outras denominações, a forte ligação com o catolicismo chamou a atenção. “Como nós somos católicos, aderimos por princípio à causa monárquica. É mais católico um país monárquico”, afirma o professor de História João Paulo de Camargo, que estava acompanhado de sua família.
Para ele, a República não surgiu naturalmente. “Foi fruto de um golpe. Como o doutor Plinio Corrêa de Oliveira falava, em seu livro ‘Revolução e Contrarrevolução’, aqui foi um processo revolucionário. Então, por opção contrarrevolucionária, nós somos monarquistas. Não por uma questão estética, ‘eu acho bonito assim’, mas por um princípio religioso e filosófico”. Ao final da manifestação, os monarquistas se reuniram em frente ao Quartel de Itu, onde promoveram orações.
Excelente matéria!!!
Verdadeira e imparcial!!!
Parabéns pessoal!!!
Que pena que estou tão distante, no noroeste de MT.
Soube da movimentacao em Itu com antecedência mas foi impossivel comparecer. Me surpreendeu apequena adesão dos monarquistas paulistas.
E cada uma que Est acontecendo neste país só rindo mesmo para não ficar paranoico
Ótima manifestação desses cidadões para essa data.