Cinerama: Minha Mãe é uma Peça 3
Por André Roedel
Eu poderia facilmente copiar e colar a crítica que fiz para o filme anterior, fazer alguns ajustes e publicar neste espaço, porque Minha Mãe é uma Peça 3 incorre nos mesmos acertos – e, principalmente, erros – dos seus antecessores. É um filme feito para provocar riso no espectador médio, e isso consegue com maestria. Riso não, gargalhadas. De sair com a bochecha doendo se você não for do tipo que tem o coração peludo.
Mas, tirando a risada fácil, o filme tem pouco a oferecer. Tenta incluir um discurso de aceitação e de defesa das minorias em uma de suas diversas subtramas, mas faz isso de maneira simplória, rasa. Muito lugar-comum. O resultado pode parecer piegas. Porém, esses momentos de reflexão servem como freio no escracho das demais cenas.
Cenas não, esquetes. Minha Mãe é uma Peça 3 é uma sequência de situações em que Paulo Gustavo (Dona Hermínia) dá seu show. É exagerado? É, mas seu carisma é inegável e a representação dele para o estereótipo da mãe brasileira, inspirada na própria mãe, é de tirar o chapéu. É impossível não ver pelo menos uma característica de sua própria mãe na personagem feita pelo humorista.
Esses esquetes são colados um ao outro por um roteiro fuleiro, mas que serve à proposta de fazer o espectador rir somente. Por estar ocupado se refazendo da gargalhada da piada anterior, quem assiste quase nem percebe que a trama é uma bagunça só, em que os personagens secundários vão do nada a lugar nenhum e que a resolução de conflitos, quando acontece, é de maneira bem simplória.
As situações em que Dona Hermínia (em crise, ela tem que lidar com o casamento de um filho e o nascimento da neta) se mete são parecidíssimas com as já vividas por ela no primeiro e no segundo filme – aliás, até mesmo de Minha Vida em Marte, outro filme de Paulo Gustavo. Parece que a fonte de ideais secou.
Poderia ser o momento de aprofundar a vida dos filhos Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier), mas o filme opta pela saída fácil de reciclar piadas sobre idade e relacionamento conturbado entre sogras. E isso tem uma explicação: é o que o público quer.
Minha Mãe é uma Peça 3 certamente será um sucesso de bilheteria para o padrão das produções nacionais (e certamente veremos o 4, o 5, o 6…) porque faz o espectador desligar por quase duas horas, rir sem parar e pensar o mínimo possível. Quando tenta gerar reflexão, o público está com a bochecha até dormente de tanto gargalhar que fica difícil qualquer compreensão. Ainda mais quando a mensagem que se quer passar não é profunda o suficiente.
Nota: ☆ ☆ ½