Cinerama: Frozen II
Por André Roedel
Sequência de um dos maiores (e inesperados) sucessos da Disney de todos os tempos, Frozen II já nasceu com missões difíceis. Afinal, superar a estrondosa bilheteria e gerar tanta repercussão quanto o original é algo que não costuma ocorrer. No quesito arrecadação, ao menos, isso parece já ser uma meta atingida: lançada em novembro lá fora, a animação já é uma das 20 maiores produções do cinema e logo baterá o primeiro em número de bilhetes vendidos.
E no quesito repercussão, se não superar, deverá, na pior das hipóteses, igualar o burburinho do primeiro filme. Isso porque Frozen II, mesmo que em alguns momentos possa parecer “sem identidade” e (extremamente) dependente do primeiro filme, consegue ser tão impactante quanto – seja em sua história ou em seu visual cada vez mais caprichado. A evolução técnica do Walt Disney Animation Studios é latente, resultando em uma obra sem falhas visuais.
E não podemos esquecer que estamos lidando com uma animação musical. As belas novas canções não têm o poder chiclete de uma “Let It Go”, mas dão conta do recado. Destaque evidente para “Into The Unknown” – ou “Minha Intuição”, na versão brasileira –, que concorre ao Globo de Ouro de melhor canção original. Mas, particularmente, gostei de “Lost in the Woods” – “Não Sei Onde Estou”, no Brasil –, que rendeu uma cena bem bacana, inspirada nos videoclipes musicais dos anos 1980.
Na trama, Elsa, Anna e Kristoff, entre outros personagens, partem em uma mágica jornada de amadurecimento – ou transformação, como bem resume Olaf – e estão ainda mais carismáticos. E o boneco de neve dublado no Brasil por Fábio Porchat é o que mais rouba a cena, protagonizando momentos hilários. Há uma cena, em especial, que referencia o longa anterior que é impagável.
Além da jornada de transformação que, se não expande o universo ao menos serve para aprofundar a essência dos personagens, o espectador é brindado com mensagens positivas – como sempre é a tônica das obras da Disney. E a mensagem em Frozen II é muito atual, dialogando com os movimentos feministas sem parecer militante demais. Mostra personagens femininas autossuficientes como anteriormente, mas de uma forma ainda mais assertiva e dinâmica.
Se vai superar em tamanho o seu antecessor (que primava pelos personagens cativantes, apesar da história manjada), só o tempo dirá. Mas o certo é que essa continuação, diferentemente do que muitos críticos disseram ser somente um caça-níquel, mostrou que o universo de Frozen ainda tem muitas histórias para serem contadas. E, obviamente, enquanto fizerem dinheiro, serão.
Nota: ✫ ✫ ✫ ✫