Enfermagem: profissão de esperança e amor durante a pandemia
Por Daniel Nápoli
O Periscópio vem destacando no site e em sua edição impressa o trabalho de alguns profissionais que estão na chamada “linha de frente” no período da pandemia do novo coronavírus. A rotina de profissionais essenciais como motoboys e caminhoneiros foi relatada em nossas páginas, mostrando os desafios de se trabalhar em um momento tão caótico.
Hoje (12), Dia Mundial da Enfermagem, não poderíamos deixar de citar os trabalhadores da área da saúde, que vêm atuando de maneira heroica para auxiliar na diminuição de prejuízos e levar um pouco de esperança e conforto para os pacientes e também seus familiares.
Técnica de enfermagem, Alessandra Sampaio, que há 12 anos atua no Pronto Atendimento da Unimed em Itu, relata como a profissão surgiu em sua vida. “Na verdade não fui eu que escolhi a profissão e sim fui escolhida por ela. Desde pequena sempre admirei este trabalho, minha mãe (Magali) era auxiliar de enfermagem e eu sempre ia ao hospital, antiga Maternidade Borges, observá-la dar banho e cuidar dos bebês. Já mais velha, ia ver meu pai (Paulo) que trabalhava no Raio-X e achava linda aquela profissão, em poder se doar, dar o seu melhor para quem necessitasse”.
A profissional prossegue. “Como não tive oportunidade de fazer faculdade na época, fiz o curso de auxiliar e técnico de Enfermagem. Em 2003 iniciei minha profissão na antiga Santa Casa, fiz o juramento de dar o meu melhor, fazer e dar atendimento que eu gostaria de receber. O tempo passou e, garanto, nossa rotina não é fácil, pois lidamos com vidas, as dores e doenças que não têm hora pra acontecer, então estamos lá pra atender, orientar e tentar melhorar e amenizá-las.”
Alessandra explica ainda que, em alguns casos, a dor do paciente “não é nem uma dor física e sim emocional e estamos ali, quando realizamos o cuidado temos oportunidade de tocar no paciente, olhar nos olhos e sentir o que ele ou ela está sentindo e é este o verdadeiro papel da enfermagem, e além do cuidado podemos orientar e tentar entender o verdadeiro problema”.
Em meio à pandemia, a técnica de enfermagem cita os cuidados, desafios e preocupações. “Penso que o maior temor é de ficarmos doentes ou levarmos a doença pra nossa família. Por isso a importância de se proteger, usar EPIs (equipamentos de proteção individual), ao chegar em casa já retirar a vestimenta e o calçado, lembrando que esta roupa só é usada para o trajeto casa-trabalho e lá sim colocamos o uniforme completo. Chego em casa, tomo todos os cuidados de higiene e só após isso vou curtir minha família”.
Alessandra acrescenta: “Devemos sempre lembrar os hábitos de higiene, lavagem de mãos, evitar aglomerações e, principalmente, usar a masca e se puder, fique em casa, se proteja e proteja seus entes queridos. Estamos aqui trabalhando e já passamos por tantas epidemias e com medidas preventivas, com avanço nas pesquisas, tenho fé que logo vamos vencer essa batalha. Nesse ano termino minha faculdade de Enfermagem e sem dúvida um orgulho para mim e toda minha família”.
Enfermeiro Coordenador do Serviço de Urgência e Emergência 192 de Itu e Enfermeiro Assistencial no Hospital Nossa Senhora do Monte Serrat da cidade de Salto, Leandro Ribeiro Dias também falou ao JP sobre os desafios e a rotina de seu trabalho no período.
Leandro resume sua profissão. “Ser da área da saúde significa ter imensa responsabilidade com pouca autoridade. Você entre na vida das pessoas e faz a diferença. Alguns te abençoam, outros te odeiam. Você vê as pessoas no seu pior e melhor momento. Você vê a vida começar, terminar e tudo o que acontece no meio. Você presencia a capacidade das pessoas para o amor, coragem e resistência”, relata.
Na profissão há 15 anos, o enfermeiro conta como ela surgiu em sua vida. “Começou quando meu avô (Francisco Ribeiro, conhecido como Chico), que eu era muito ligado, teve um problema de saúde. Eu tinha sete anos e queria saber tudo o que acontecia e infelizmente viemos a perdê-lo. Ao longo disso, resolvi me dedicar em fazer algo pelas pessoas, em ajudar nos momentos em que precisassem, ser útil da melhor maneira e na enfermagem descobri o quão próximo possa estar das pessoas e me dedicar de várias formas”.
Sobre os cuidados redobrados que precisa ter neste período de pandemia, Leandro comenta a rotina. “Desde o início já mantive o isolamento social. Realmente tive medo nesse momento que estamos vivendo de perder alguém, pois o medo faz parte do dia a dia, onde cabe a nós da linha de frente não desanimar e nem desistir. Hoje oriento as pessoas que a melhor coisa a se fazer é a prevenção. É melhor pecar pelo exagero do que termos que sofrer duramente com o passar das horas e dias”.
O profissional reforça. “Isso é sério e muito, até o ponto de me isolar totalmente das pessoas que mais amo, como meus pais e minha filha. Sendo linha de frente, nós (da área da saúde) temos de nos dedicar a essa missão. Temos sim que trabalhar e ir de encontro a guerra, porém peço a todos que puderem, se resguardem, acatem todas as orientações, para a não disseminação incontrolável da doença. Fiquem em casa, com os que mais amam, pois esse será o maior gesto de carinho e respeito pela vida”, conclui.