A depressão e a solidão em tempos de pandemia
Por Viviane R. Oliveira Silva | CRP 06/148390
Psicóloga, atua na psicologia clínica com abordagem humanista, administradora, professora, palestrante e coautora de diversos livros.
A solidão caracteriza-se por uma resposta emocional, dolorosa e desagradável, atualmente causada também pelo isolamento em função da pandemia que assola o planeta em 2020, a COVID-19. São vários os sintomas que se apresentam, como ansiedade, profunda tristeza, dor emocional que pode ser comparada a uma dor física, resultado do isolamento social e a consequente falta de companhia e contato social. A dor emocional causada pela solidão muitas vezes torna-se tão forte que pessoas relatam que não há dor física que se equipare, o não contato com pessoas, o fato de estar no mesmo local por tempo prolongado e por consequência, estar permanentemente com seus próprios pensamentos que podem se transformar em ideias nocivas a si próprio.
A pessoa que se sente sozinha, com dor da solidão deve buscar algum tipo de companhia, a tecnologia permite várias formas de interações, já que tal condição pode trazer alterações no apetite (comer e beber mais e em alguns casos, menos), praticam menos atividade física e podem ter dificuldades físicas ou até mesmo para dormir, ficam vulneráveis a desenvolvimento de problemas relacionados ao alcoolismo, à depressão, de ordem física, e doenças cardiovasculares, por exemplo.
A solidão pode e deve ser administrada, mas é preciso um esforço em que a luta se trava contra as próprias forças internas, sendo que este é o sinal de que alguma atitude deve ser tomada, seja na procura de um psicólogo(a) que ajudem a reverter o quadro que se apresenta.
O acolhimento de um profissional, principalmente o de psicologia tem como objetivo o de colaborar no fortalecimento emocional, em que o resgate de relacionamentos (mesmo que de forma virtual) para que possa, neste momento promover o conforto emocional e o preenchimento do vazio que se apresenta nas próprias emoções.
A ajuda profissional tem como objetivo trazer a pessoa o resgate de seu equilíbrio, entender que seu instinto de proteção e então buscar a estabilização de suas emoções, por razão de seres humanos se apresentarem como profundamente sociais, existe a dependência da vida em grupo, o que permite também a formação de identidade e significado da vida assim, entende-se que estar sozinho é travar uma luta permanente contra os instintos de vida.
Existem várias formas de se utilizar os recursos que ajudam na restauração do equilíbrio emocional, e na situação atual, a criatividade e busca por inovações é fundamental no auxílio para uma existência mais saudável, emocional e fisicamente, é preciso entender a necessidade de sair do isolamento, não o físico, mas o que contempla as emoções e sentimentos através de se configurar uma realidade social que permita tal atitude, seja por grupos familiares restritos ou outra forma, como por exemplo, a virtual, com recursos como a Internet e suas ferramentas. As características individuais podem ser amplamente utilizadas, seja em um trabalho voluntário, colaboração em grupos de discussão, trabalhos manuais, entre outros.
E o principal, quando necessário, a ajuda deve ser solicitada, não há espaço para não se mostrar a vulnerabilidade quando necessário, e a ajuda profissional psicológica pode ajudar na construção de defesas e ferramentas que certamente serão fundamentais no combate à solidão e às dores que dela advém e podem comprometer por muito tempo a qualidade de vida que todo ser humano merece e precisa para viver a plenitude de sua vida, emocional e física.