Reeleita, Maria do Carmo Piunti lança seu nome à presidência da Câmara
Esposa, mãe, avó e bisavó, Maria do Carmo Piunti já foi por quatro oportunidades, primeira-dama da cidade de Itu e possui uma trajetória na política de bastante destaque. Depois de ter iniciado em um grupo de mulheres no PMDB, em 1980, ela foi eleita vereadora em 1982, sendo logo em seu primeiro mandato presidente da Câmara Municipal de Itu em 1982 e 1983.
“Era a única mulher entre 15 vereadores”, recorda a parlamentar, que após isso foi candidata a deputada estadual em 1986. “Não me elegi, fiquei como quarta suplente, mas assumi logo no dia 16 de março de 1987 e fiquei por dois anos na Assembleia (Legislativa), até 15 de dezembro de 1988”.
Maria do Carmo foi novamente candidata a deputada em 1994, sendo eleita e reeleita em 1998. “Em 2002 não tive êxito em me reeleger e até pensei que quando saí da Assembleia, no dia 14 de março de 2003, que minha vida política praticamente tinha se encerrado”.
Como fez questão de destacar durante a entrevista, a edil entende que “política é uma missão, você tem que estar nela para trabalhar pelo povo, fazer algo para toda a população” – e foi com esse pensamento que, em 2016, aceitou o convite para ser candidata a vereadora pelo PSC, partido que preside no município.
Eleita e reeleita nas eleições deste ano, dessa vez com 1.223 votos, a ex-deputada fala sobre os planos para o próximo mandato. “Pretendo continuar fazendo o que já vinha fazendo nesses quatro anos. Entendo que a principal função do Legislativo é fiscalizar. Temos que ser muito efetivos no sentido de fiscalizar os atos do Executivo”.
A vereadora explica que o fato dela não ter sido eleita na chapa do prefeito reeleito Guilherme Gazzola (PL) não significada “ser uma oposição sistemática, não significa obstruir o trabalho do prefeito, travar qualquer tipo de proposta que o prefeito tenha”.
Sobre os eleitos pela oposição, ela pontua. “Eu acho que seria bom para a população, seria bom para o povo da cidade poder contar com esses vereadores, porque vereador que não foi eleito na chapa do prefeito tem a independência muito maior de estar fazendo cobranças, de estar realmente se posicionando”, declara.
Ainda falando sobre a configuração da “nova Câmara”, a vereadora confirma a candidatura para a presidência da Casa de Leis para 2021. “Estou com minha candidatura posta, eu acho que nós temos chance na medida em que somos sete vereadores na oposição, somos maioria. Entendo que já fiz uma trajetória anterior, fiz esses quatro anos, pleiteei em momento nenhum ser presidente, mas nesse momento eu me sinto bastante preparada e bastante disposta para enfrentar mais esse desafio”, afirma.
Sobre os projetos para o próximo mandato, Maria do Carmo, explica que os mesmos naturalmente nascerão do contato com a população, acrescentando que pretende continuar com um grupo político muito forte e continuar fazendo reuniões, para que assim projetos também possam nascer.
A parlamentar ainda enaltece o aumento do número de mulheres no Legislativo. “Nós só tivemos de 2001 a 2004 três mulheres, em outras ou duas ou uma só. Nesse mandato eu era uma mulher em meio a 13 vereadores. Acho importante não só para causas das mulheres, mas eu vejo como mais importante o olhar da mulher. Inclusive já foi dito por vários psiquiatras e estudiosos do corpo humano que a mulher tem um olhar mais abrangente, na totalidade, ela visualiza mais essa questão. Penso que a gente pode ter conquistas importantes tendo três mulheres na Câmara.”
A parlamentar, que estará ao lado de Célia Rocha (PL) e Patrícia da Aspa (PSD) na Câmara a partir de 2021, também opinou sobre o número ainda considerado pequeno de mulheres no Legislativo, sendo que a mulher é a maioria do eleitorado.
“Em primeiro lugar é cultural não participar. O meu pai costumava frequentar comícios e dizia que não podia levar a gente. Éramos três filhas, além da minha mãe, porque comício não era lugar para mulher, podia sair briga, podia ter discussão. Os comícios já não eram lugar para mulher, imagina a participação da mulher na política? A gente está evoluindo, mas muito lentamente. Eu entendo que as mulheres precisariam fazer um esforço maior para poder ter uma participação maior, não só no período eleitoral, mas na vida da sociedade”.
Para a vereadora, é necessária a construção de uma representatividade, “um histórico para você chegar no período eleitoral estar credenciada para buscar votos”, orienta Maria do Carmo, que ainda fala sobre a lei de cotas. “Percebemos que ela não resolveu. Ela obriga os partidos a ter 30% de mulheres e na verdade, se você apanhar a representatividade nas Câmaras Municipais, nas Assembleia Legislativas, no Congresso Nacional, nós não temos 20%. Já faz mais de 20 anos que temos a lei de cotas e não elegem 30%”.
Ao concluir, Maria do Carmo aproveita para deixar uma mensagem à população. “Sou vereadora da cidade toda, independente de quem votou ou não em mim. Quero deixar meu gabinete aberto, meu mandato à disposição para estar atuando em favor da população. Quero que a população de Itu tenha o melhor”.