Prefeitura notifica Irmandade da Santa Casa
Na manhã da última quarta-feira (24), a Prefeitura de Itu notificou a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itu sobre supostos graves erros e omissões na prestação de contas do último ano (2020) que, segundo a administração municipal, podem acarretar a perda do patrimônio e até ocasionar o fechamento do Hospital Santa Casa de Itu.
A informação foi divulgada pelo prefeito Guilherme Gazzola (PL) em sua página oficial. “Na referida notificação reiteramos o andamento de um inquérito aberto pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) sobre o tema bem como estamos alertando os membros da entidade sobre as ações no mínimo suspeitas do provedor Raul de Paula Leite”, publicou o chefe do Executivo municipal.
Segundo Gazzola, “a aprovação das contas seria uma tragédia para a história da saúde de Itu”. A reportagem do JP foi afundo na história e questionou a administração sobre quais seriam esses “graves erros”, que declarou que vultosos recursos públicos foram repassados pelo Governo do Estado e também através de emendas estaduais e federais, não tendo sido localizados os respectivos bens adquiridos para o Hospital com a verba pública, o que é passível de caracterização de peculato.
“Além disso, há o risco de recair sobre a Irmandade a responsabilidade por todo passivo do São Camilo, assumido com anuência do provedor, podendo representar milhões de reais de prejuízo ao patrimônio da Irmandade”, prossegue. Vale lembrar que, desde a saída da Sociedade Beneficente São Camilo da gestão da Santa Casa, em novembro passado, a Prefeitura fez a requisição dos imóveis da Irmandade e passou a gerir o hospital, através do INCS – Instituto Nacional de Ciências da Saúde.
Ainda de acordo com a Prefeitura, “foi expressamente reconhecida, por ofício assinado pelo atual provedor e seu vice (Dr. Renê Paschoal Liberatore), sua inaptidão para a transição na gestão do Hospital da Santa Casa. Com a descoberta de uma ação de dissolução societária da administradora de bens da Irmandade, foram obtidos relatórios que embasam fundada suspeita de dilapidação patrimonial”.
“Se essas ações prosperarem e derem ganho de causa para o São Camilo”, prossegue a Prefeitura, “o patrimônio conquistado a duras penas pela sociedade ituana (incluindo o Hospital) poderá ser totalmente perdido como pagamento dessas dívidas”, finaliza. “O que minimamente se espera é a renúncia imediata do provedor e a eleição de uma comissão capaz de devolver a moralidade a tão importante instituição”, afirma Gazzola ao JP.
A reportagem tentou contato com o provedor, mas não obteve retorno. Mas conversou com o vice, que explica que a aprovação de contas anuais referentes ao exercício de 2020 seriam votadas hoje (27), pela Assembleia Geral da Irmandade, mas que acabou adiada por problemas meramente técnicos.
Ainda segundo ele, “existe uma diferença do que saiu na rede social e a correspondência enviada pela Prefeitura. Uma série de acuações absurdas”. Dr. Renê também afirmou que a Sociedade São Camilo “pagou todo mundo”, em referência às dívidas trabalhistas deixadas após a saída da gestão do Hospital da Santa Casa.
Gaeco – A respeito do inquérito do Gaeco, a Prefeitura informou que acompanha o andamento e recentemente a Controladoria Geral do Município concluiu auditoria sobre os bens deixados pelo São Camilo, encontrando graves divergências. “Isso foi reportado ao Gaeco, atualizando o andamento da investigação”, declarou. Já Dr. Renê disse que, até o momento, a Irmandade não recebeu nada do Gaeco.