Falece em Itu o técnico de restauro José Saia Neto
Faleceu na tarde da última segunda-feira (28), aos 72 anos idade, na cidade de Itu, o técnico de restauro aposentado José Saia Neto. Ele, que por muitos anos foi restaurador do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), seguia realizando trabalhos esporádicos e, em parceria com um amigo, esteve em Itu na segunda-feira para vistoriar o prédio da antiga Fábrica São Pedro.
Em um dado momento, por volta das 8h20, Saia Neto subiu em um andaime, o qual já estava instalado previamente no local, segundo informações registradas em boletim de ocorrência e, por circunstâncias que seguem desconhecidas, perdeu o equilíbrio, vindo a cair de uma altura de três metros.
O restaurador foi socorrido e encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia de Itu, local em que foi submetido a uma cirurgia de emergência, porém acabou não resistindo aos ferimentos, vindo a falecer por volta das 14h.
O local do acidente acabou prejudicado para a realização de perícia, uma vez que foi necessária a retirada do andaime para evitar novos acidentes. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia Central.
Natural de São Paulo, cidade em que residia, José Saia Neto teve atuação de destaque também em Itu. De acordo com o historiador e professor Jonas Soares, ele que “foi um apaixonado pelo patrimônio e a vida toda lutou, dentro e fora do Iphan, pela preservação de bens culturais”.
Saia Neto também se destacou pela atuação no conjunto arquitetônico da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária e no edifício histórico da Santa Casa e no Museu Republicano.
“Homem inteligente, crítico e muito generoso ao compartilhar conhecimentos. Ele mantinha contatos constantes para acompanhar o estado de preservação dos bens culturais de Itu”, acrescentou Jonas.
A morte de José Saia Neto teve grande repercussão. Em nota, o Icomos São Paulo (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) lamentou a morte, destacando que o restaurador teve “uma vida dedicada ao patrimônio nacional dentro e fora do Iphan”, continuando o trabalho de seu pai, Luis Saia, “o qual, desde menino, acompanhava em estudos e obras de restauro.”
Dentre outras contribuições, a nota destaca também “sua sabedoria e sobre as técnicas e arquitetura tradicional paulista; sua contribuição nos processos participativos na Vila Ferroviária de Paranapiacaba (2005-2008); sua atuação em Itu e na Fazendo Pau D’Alho, dentre outros legados e ensinamentos”.
Também em nota, o historiador Carlos Gutierrez Cerqueiro, amigo e colega de Iphan, destacou. “Eu tive a sorte de conviver diariamente com ele, na mesma sala durante anos a fio, desfrutar de sua inteligência, de seus ensinamentos, de sua incontida franqueza, de sua rabugice, de sua fina ironia, da intimidade de seus sentimentos, frustrações e também de muitas alegrias. Adeus, Zé, meu amigo”.
José deixa a esposa Paula e a filha Mariana. Seu corpo foi sepultado na cidade de São Paulo.
A foto pertence ao acervo pessoal do arquiteto Jaime Calixto.