Mastologista fala sobre a importância de exames e do diagnóstico precoce

Dr. Rafael Rodrigo Bortoleti explica ainda sobre fatores de risco e tratamentos disponíveis

Encerrando a série de reportagens sobre o “Outubro Rosa” neste ano de 2020, o Periscópio conversou nesta semana com o Dr. Rafael Rodrigo Bortoleti, mastologista da Unimed Salto/Itu/ que reforçou a importância da conscientização e prevenção do diagnóstico precoce do câncer de mama, além de explicar sobre os tratamentos existentes.

No Brasil a gente tem uma estimativa de quase 67 mil novos casos de câncer de mama por ano. É um número muito expressivo, com uma estimativa de quase 18 mil mortes ao ano. Por isso que a gente tem que levar muito em consideração”, revela o médico.

Ainda sobre os números referentes a doença, especificamente entre as mulheres, o câncer de mama é o mais prevalente, acometendo aproximadamente 24% das mulheres em todo o mundo. “O homem embora seja mais raro, também pode ter o câncer de mama, mas leva-se em consideração”, destaca o mastologista.

Fatores de risco

Na população geral, os fatores considerados de baixo risco são: a grande influência hormonal pelo organismo ou sintéticos (terapia de reposição hormonal, anticoncepcional, anabolizantes).

“Aquela paciente que menstrua muito cedo -antes dos 12 anos –  aquela mulher que entra na menopausa mais tarde, após os 55 anos. Ela tem um intervalo entre a primeira menstruação e a última muito grande, esse intervalo que a gente chama de menacme, é influenciada pelos hormônios”, explica Dr. Rafael.

O profissional no entanto diz que “é importante deixar claro que embora exista esse fator de risco, não necessariamente ela será acometida pela doença. Na verdade, são fatores que podem contribuir para isso.    “

Ainda sobre os fatores de baixo risco, estão mulheres que deixaram para ser mães após os 30 anos de idade, as que realizaram terapia de reposição hormonal e também aqueles que ingerem bebidas alcoólicas diariamente.

 Obesidade, principalmente na mulher pós-menopausa também é considerado fator de baixo risco, assim como a mulher que nunca engravidou ou amamentou. Já os fatores de alto risco, são aquelas em que a mulher tem antecedente familiar, principalmente se esse antecedente for de primeiro grau (mãe, irmã), ela tem um alto risco para o câncer de mama e tem que ficar bem atenta, principalmente se forem mulheres antes dos 50 anos.

“Se tiver histórico de outros parentes como avós, tias, primas e você tendo mais do que dois casos na família, você tem se caracteriza com o alto risco”, reforça o médico que destaca também que “aquela mulher que recebeu uma irradiação torácica antes dos 30 anos”, também é considerada de alto risco.

Exames rastreamento

À reportagem do JP, Dr. Rafael comenta que a realização de exames de rastreamento são fundamentais e o principal deles para o diagnóstico é a mamografia.

 “É muito importante que a mulher se conheça, conheça o seu corpo, o que é normal, o que é alterado. Às vezes elas sentem algo, que é o próprio tecido glandular mamário e acabam se confundindo pensando que é alguma coisa e acaba ficando angustiada. Mas essa mulher que se auto examina e procura o médio, é muito importante, porque ela está indo atrás e fazendo a investigação”, orienta o profissional

“A mamografia foi o único exame com eficácia comprovada entre os de rastreamento. Foi capaz de diminuir os casos de morte pelo câncer de mama. Nenhum outro exame substituiu o de mamografia. O que existem são os complementares, se necessários”, explica Dr. Rafael, que acrescenta. “A mamografia nada mais é do que um raio-x da mama, a mulher vai no aparelho, coloca a mama em que será feita a compressão dessa mama e tirar uma foto de raio-x, de onde será visto todo o parâmetro da mama e ver se há alguma alteração.”

Sobre os exames complementares, eles são essenciais, segundo o profissional “se houver uma mulher com a mama muito densa, muito glandular. Um ultrassom ou uma ressonância, dependendo dos casos, porque daí a mamografia fica prejudicada com a densidade mamária muito aumentada e a mama muito densa é aquela mulher que tem a mama muito glandular e isso não é uma alteração é uma conformação da mama dessa mulher.”

A mamografia é realizada: para mulheres assintomáticas e sem fatores de alto risco a partir dos 40 anos de idade de forma anual pelo menos até os 75 anos de idade (após isso, será por conduta médica); antes dos 40 anos (mulheres com histórico familiar de jovens com a doença ).

Tratamento

Segundo o mastologista, são quatro pontos específicos de tratamento: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia de bloqueio hormonal. “Aí nós vamos ver o tipo de tumor que a mulher está sendo acometida, o tamanho, se ele tem comprometimento de outros órgãos e tudo mais. “

“Partindo para a cirurgia, você vai avaliar se consegue fazer uma cirurgia conservadora, onde você retira somente parte da mama o use você vai ter que partir para uma cirurgia radical, desta a mastectomia (retirada total) ou denomastectomia (só   interior, a glândula mamária), preservando toda a pele e o mamilo e se faz a reconstrução mamária. Pode ser imediata ou posterior”, explica o profissional.

“Na quimioterapia, “pode realizar antes da cirurgia, nesses casos a gente escolhe para aqueles tumores mais avançados, maiores, mais agressivos, porque realizando antes tem a tendência desse tumor regredir para depois partir para a cirurgia”, destaca.

Na radioterapia, o médico explana. “É um tratamento de controle local, onde a mulher será submetida a radiação na mama, para que essas eventuais células tumorais que possam ficar ali na região possam ser disseminadas. Sempre realizada após a cirurgia ou a quimioterapia. Alguns casos de tumores localmente avançados, onde não se tem a possibilidade de tratamento cirúrgica e onde a mulher não teve resposta na quimioterapia, aí você pode fazer a radioterapia antes desse processo, mas aí seria como um tratamento paliativo e nem tanto na cura da doença.”.

O bloqueio hormonal, trata-se de medicações via oral “em que elas fazem um bloqueio para que os hormônios dessa mulher não atuem mais nas células da mama e consequentemente aumentar as chances desse tumor voltar”.

Ao concluir, Dr. Rafael reforça. “O diagnóstico precoce salva vidas. Por isso a mamografia é fundamental”.