Manifestação é realizada após retirada de grafites em Itu
Uma manifestação foi realizada na noite do último sábado (20), feriado municipal da Consciência Negra, para protestar contra a retirada de grafites em tapumes da obra de revitalização do Cruzeiro Franciscano. O ato ocorreu na Praça Dom Pedro I, onde fica o monumento, e contou com a presença de Adelson de Andrade (Graf.itu), autor das obras que homenageavam Dandara, Zumbi dos Palmares e Mestre Tebas.
Além do grafiteiro, estiveram presentes membros de coletivos artísticos e de movimentos negros de Itu e região, além de apoiadores das causas. O ato começou durante a realização da 29ª Missa Afro de Itu, organizada pela UNEI (União Negra Ituana) – que um dia antes tinha se reunido com o prefeito Guilherme Gazzola (PL) e emitido nota em conjunto com a Prefeitura dizendo que não havia convocado tal manifestação, surgida através das redes sociais.
Segundo pessoas presentes no ato, cartazes foram confeccionados na hora. Muitos deles traziam palavras de ordem – como o lema “Arte, sim. Bosta, não!”, em alusão às críticas, registradas em vídeo, do prefeito contra Adelson. Artistas levaram suas obras e deixaram em frente ao Cruzeiro, onde os tapumes grafitados já tinham sido pintados pela Prefeitura. Participantes da manifestação também deixaram suas assinaturas em um quadro no local.
Adelson discursou durante o ato, criticando o episódio e fazendo reflexões. “Eu quero dele [Gazzola], na humildade, uma retratação”, disse o grafiteiro, afirmando não ver como crime o trabalho que realiza há anos em Itu. Diretores da UNEI também falaram, pregando a união entre os negros, sem divisões. A presidente do PSOL de Itu, Michelle Duarte, também esteve presente e disse que as falas de Gazzola não atingiram apenas uma pessoa, mas toda a população negra.
Também foi dito durante a manifestação, por representantes da entidade, que a mesma irá intervir junto à Prefeitura para a retirada da notificação emitida contra o grafiteiro, que pode ocasionar multa de R$ 9 mil. Houve tentativas de puxar gritos contra Gazzola, mas que não foram adiante. “Eu quero união. Isso aqui é para a gente unir nosso povo. Nós não viemos aqui para falar de Gazzola”, disse Adelson.
A manifestação reuniu cerca de 60 pessoas, que após as falas ficaram no local debatendo. Mais tarde, porém, os tapumes do Cruzeiro voltaram a ser alvo de polêmica: na madrugada, eles foram pichados com protestos contra o prefeito, além de imputações de racismo. As placas de madeira foram novamente pintadas no dia seguinte, apagando as críticas.