O impacto no reajuste do combustível
Na última quinta-feira (10), a Petrobras anunciou reajustes nos preços de gasolina e diesel após quase dois meses de valores congelados nas refinarias. Desde sexta-feira (11), o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
“Esses valores refletem parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia. Mantemos nosso monitoramento contínuo do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade”, destacou a Petrobras. É importante destacar que o valor final dos preços dos combustíveis nas bombas depende também de impostos e das margens de lucro de distribuidores e revendedores.
Na cidade de Itu o preço médio é de R$ 6,799, enquanto o diesel chega a R$ 6,259, de acordo com o verificado no início desta semana, pela reportagem do Periscópio, que também conversou com Hélio Alves, gerente de um posto de combustíveis situado na Avenida Otaviano Pereira Mendes.
Ele comentou a respeito do reajuste e da procura pelo produto. “A gente vende aproximadamente 24 mil litros de combustível por dia e na quinta-feira, em que foi anunciado o aumento, vendeu 46 mil litros, quase o dobro e no outro dia após o aumento, vendeu mais 35 mil litros, mas depois já normalizou”, disse.
O JP conversou também com munícipes que estão sendo impactados diretamente com o reajuste. É o caso da cerimonialista Fernanda Mariah, que está evitando ao máximo sair de carro. “Só quando eu realmente preciso, por isso acabo não abastecendo com tanta frequência, mas a alta do combustível vai interferir em todos os demais gastos que temos”, comenta. “Estou sentindo mais com o mercado, porque no fim os bens básicos de consumo como legumes e frutas acabam subindo muito também”, acrescenta.
Motorista particular, Rafael Eduardo Almeida foi uma das pessoas que correu para abastecer seu carro na quinta-feira (10). “Enfrentei um pouco de fila em frente ao bairro São Camilo”, explica. Rafael, que era motorista de aplicativo, passou a atender por meio de sistema de “pacotes” devido aos constantes aumentos no preço do combustível. Agora, com o novo reajuste, necessitou fazer mais mudanças. “No momento em que li sobre o aumento, montei um grupo [no WhastApp] e anunciei um reajuste para continuar trabalhando, não tinha o que fazer”.
O motorista prossegue. “Tenho uma ressalva. O presidente [Jair Bolsonaro] conseguiu segurar um pouco [o reajuste]. Ficou R$ 7,00 só um dia. Ele alterou pra ICMS único, mas mesmo assim está muito alto [o valor]. Gasto em média R$ 900 por mês [em combustível]. Na época de R$ 3,00 a gasolina e R$ 2,00 o álcool, eu gastava de R$ 400 a R$ 600”, recorda.
A guerra na Ucrânia tem impactado o preço do petróleo, como lembra o motorista. “Infelizmente, a guerra no leste europeu impacta aqui também, como já era de se esperar. Tem dias que penso em não tirar o carro da garagem e procurar outro emprego”, desabafa Rafael, que ainda demonstra esperança. “Espero que, na entressafra, o álcool volte pelo menos a R$ 3, R$ 2,80”.