Cine Clube de Itu exibe o longa-metragem “Barravento”, de Glauber Rocha
Homenageando um dos principais cineastas precursor do movimento “Cinema Novo”, o Cineclube de Itu trará, na sua próxima exibição com roda de conversa o filme “Barravento”, de Glauber Rocha, seu primeiro longa-metragem, rodado em 1962.
A exibição é gratuita e acontecerá na sexta-feira (27), às 19h30 no mais novo centro cultural de Itu, Centro Ituano de Letras e Artes (CILA), localizado na Praça Conde de Parnaíba, no centro de Itu. Idealizado pelo Cineclube de Itu, o projeto é apoiado com recursos da Lei Emergencial Aldir Blanc N º 14.017/2020 e pela Secretaria de Cultura e do Patrimônio Histórico de Itu.
“Barravento” se passa numa vila de pescadores formados por descendentes africanos marcados com a escravidão, uma passagem importante de sua história, seguindo seus dias com crenças enraizadas, vividos através dos cultos místicos do candomblé.
Os pescadores são explorados pelo dono da rede de pesca, que é utilizada no trabalho e sustento da comunidade da vila. Firmino, um antigo morador, que saiu da vila para morar na cidade retorna e tenta conscientizar os moradores a se libertarem da condição precária e exploratória em que vivem.
No desenrolar da narrativa, entre cânticos, palmeiras, capoeira, fé e misticismo. Firmino, protagonizado por Antonio Pitanga, tenta lançar a semente de uma consciência revolucionária e transformadora, liberta da alienação e exploração, frente ao poder dominante econômico e do poder paralisante das próprias crenças religiosas.
Rodado em 1962, em uma vila litorânea da Bahia com uma comunidade de pescadores de xaréu, sob a direção de Glauber Rocha, “Barravento” se tornou um experimento cinematográfico, um aprofundamento no caminho das ideias do cinema novo, que teve início entre os anos 50 e 60, resumido na celebre frase “Câmera na mão e ideia na cabeça”.
Nascido na Bahia em 14 de março de 1939, Glauber Rocha foi um dos pioneiros do movimento Cinema Novo no Brasil. Na sua trajetória trabalhou como jornalista, crítico de cinema, escritor, produtor e diretor de cinema, iniciou seu caminho nas artes, ainda na infância com 10 anos, ao escrever a peça El hilito de oro. Antes dos 20 anos, esteve bastante participativo em ações culturais, de sua cidade, fundou grupos de teatro e a Cooperativa Cinematográfica de Iemanjá.
Sua obra cinematográfica, transita no questionamento da sociedade e política brasileira, teve início com seu primeiro curta “O Pátio, em 1959” ainda quando cursava Direito na faculdade da Bahia, abandonando, um ano depois, para seguir a carreira de cineasta. A década de 60 foi para Glauber o período mais marcante de sua produção, estreou Barravento, em 1962, seu primeiro longa.
Em 1964 dirigiu “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, indicado à Palma de Ouro em Cannes, e “Terra em Transe”, em 1967. Glauber, um dos cineastas brasileiros mais conhecido mundialmente, considerado um grande pensador e crítico de seu tempo, gravou nas películas sua percepção intensa sobre acontecimentos da década de 60 e 70, expondo a realidade brasileira nas telas.
No período marcadamente sombrio da ditatura militar, Glauber foi morar em Portugal. Sentindo-se mal foi internado num hospital e transferido para um hospital no Rio de Janeiro, vítima de septicemia originada por uma broncopneumonia, veio a falecer no Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1981.