Espaço Acadil: Recordações Automotivas
Guilherme Del Campo
Cadeira nº 11 I Patrono Mario de Andrade
Nos anos cinquenta e sessenta os poucos automóveis que circulavam em Itu eram importados. Destacavam-se marcas como a Ford; Chevrolet; Oldsmobile; Buick, Studebacker; GMC; Plymouth; Mercedes-Benz; Opel; Mercury; Pontiac; Buick; Skoda, entre outras de origens norte-americanas e europeias. Essa matéria extraí das minhas recordações aos 14 anos, portanto pode embutir erros ou omissões, os quais peço desculpas.
Um dos comerciantes pioneiros do ramo foi o meu tio Eridano Del Campo, que residia em Itu e em São Paulo. Foi ele quem me ensinou a dirigir. De São Paulo ele trazia para o interior belos automóveis para comercializá-los.
Eridano fundou a primeira loja de eletrodomésticos de Itu chamada: “A Elétrica”. Para vender uma geladeira,precisava deixá-la na residência do comprador por um mês. Se ninguém ficasse doente o negócio era fechado. Ao lado do Hotel Central da família, havia um ponto de taxi. Minha avó Clotilde chamava Benedito, que era afro-descendente e desprestigiado pelos passageiros, e atirava alguns trocados para ajudá-lo.
No governo de Juscelino Kubistschek abriu-se o mercado brasileiro para que fabricantes de veículos viessem para o Brasil. Foi o principal articulador da nova capital, Brasília no planalto central e o desenvolvimento da planta rodoviária do Brasil.
Em Itu, os representantes das “agências de automóveis”, como eram conhecidas eram compostas por famílias dignas e empreendedoras. A família Franceschinelli representava a fábrica da Volkswagen que produzia o fusca sedan, apelidado de besouro, depois a Kombi; os irmãos Appendino respondiam pelos veículos da Ford. Eu me lembro do Ford Farlaine do saudoso Orlando Carpi, presente dos filhos. Carlinhos Gandini representava a DKW-Vemag sedan e a Vemaguet de origem alemã, cujo motor 2 tempos exigia a mistura de óleo na gasolina provocando uma fumaça ardida; os Di Ciero comercializavam os Jeeps, valentes combatentes da Guerra, depois a Rural Willys e o AeroWillys; os irmãos Ferretti possuíam um posto de gasolina na rua Santa Rita e eram responsáveis pelos carros da Chevrolet; Ernesto Scavacini e filhos na praça da Independência vendiam os confortáveis Simca-Chambord, apelidados de Belo Antônio, referência ao filme italiano do mesmo nome, estrelado por Marcello Mastroianni, de 1960, cuja associação era sua impotência sexual, visto o Simca possuir um motor fraco.
Minha paixão era um Chevrolet BelAir, um dos carros mais belos da época. Creio que matrizes obsoletas de outros países foram reaproveitadas nos países em desenvolvimento. Hoje não podemos afirmar que há veículos ruins. A eletrônica faz sua parte e agora, recentemente já surgem veículos híbridos ou totalmente elétricos, havendo grandes possibilidades no desenvolvimento de motores movidos a hidrogênio. Aguardemos.