Dia do Nordestino é comemorado neste sábado

Em 8 de outubro comemora-se o Dia do Nordestino. A data homenageia o povo e a cultura nordestina. Em Itu, a data foi instituída através da Lei Municipal Nº 1.364, de 23 de agosto de 2011, após projeto de lei de autoria do vereador Dito Roque (então no PSDC).

A reportagem do Periscópio manteve contato com alguns representantes da região Nordeste que há anos estão radicados em Itu, e falaram como vieram e como foram recebidos na cidade.

Raimundo Azel Sobrinho (Foto: Arquivo pessoal)

No dia em que completou 36 anos morando em Itu, Raimundo Azel Sobrinho, proprietário da Adega São Raimundo, vive um momento muito feliz, já que recentemente foi agraciado com o título de Cidadão Ituano. Cearense de Piquet Carneiro, ele disse que chegou em São Paulo com a família, procurando por uma cidade para morar.

“Eu já tinha alguns parentes que residiam no estado e cheguei para conhecer as cidades. Quase fiquei em Santo André, mas conheci Itu e resolvi ficar por aqui”, revelou. Com a esposa e três filhos, radicou-se no bairro Rancho Grande e começou a trabalhar na Mimo. “As coisas foram melhorando, montei um comércio e estou até hoje, graças a Deus”.

 Raimundo tornou-se uma figura conhecida na cidade quando montou, com a ajuda dos filhos Chicão e Filhinho, o São Raimundo, clube amador que marcou época na cidade. Atualmente vive com muito trabalho, mas a tranquilidade de ver a família estável e a felicidade de já ver os filhos casados e dando-lhe netos.

Dalmário Marques dos Santos (Foto: Arquivo pessoal)

Baiano de Xique-Xique e com 50 anos, Dalmário Marques dos Santos está radicado em Itu desde 1988. “Eu já tinha parentes morando aqui na cidade. Um dia minha avó, cujos filhos já moravam em Itu, me chamou para vir com ela e foi assim que aqui cheguei, para passear, mas acabei ficando e hoje quando quero passear é que vou para Xique-Xique”.

De família grande, Dalmário mora na cidade com mais seus dez irmãos e hoje há mais parentes em Itu que propriamente na cidade baiana. “Meus pais também moram comigo em casa há 13 anos. Nós abraçamos Itu e Itu nos abraçou”, relata com orgulho. Ele ressalta que aqui fez sua vida profissional, tendo começado na Schincariol, passado por outras empresas, mas desde 1996 é concursado e trabalha na Prefeitura.

Figura muito ligada ao esporte, Dalmário recomenda: “Itu é uma cidade muito querida, que recebe bem que aqui chega. Uma cidade gostosa de viver. Tudo o que o nordestino precisa se encontra aqui em Itu”.

Por outro lado, nem todos os nordestinos que aqui vivem têm motivos para festejar. Não que a cidade não seja boa, mas por outros motivos diversos. Severino Antônio Ferreira, 67 anos, estava no semáforo da Praça Washington Luis (do Estádio Municipal) pedindo alguns trocados “para juntar e defender o almoço”, disse. Ele topou conversar com a reportagem, mas pediu para não ser fotografado.

Sergipano de Poço Redondo, uma cidade com pouco mais de 35 mil habitantes, ele veio tentar a sorte em São Paulo. “Eu queria ver como era e depois trazer a família”, disse. Severino, entretanto, foi vendo o pouco dinheiro que tinha ir embora nas suas passagens pelas mais diversas cidades pelo interior.

“Mas não perdi só meu dinheiro não, ‘seo’ moço. Não demorou e eu fiquei sabendo que minha companheira que tinha ficado lá no Sergipe já tinha me trocado por outro cabra”, lamentou. “Aí entrou a bebida na minha vida. Estou aqui acho que já faz uns sete meses, vindo de Indaiatuba. Antes estava em Americana. Amanhã, só Deus sabe”.

Outras datas – Voltando a comemoração do Dia do Nordestino, há um desencontro em se tratando das datas. Em 2019 a lei 17.145 revogou o texto original de uma lei paulistana e alterou a data de 8 de outubro para 2 de agosto, coincidindo com o falecimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, um dos mais importantes artistas da região Nordeste.

 Em 2005, o Rio de Janeiro chegou a comemorar o Dia do Nordestino em 13 de dezembro, data do nascimento de Luiz Gonzaga. Em Itu, entretanto, a data é celebrada em 8 de outubro mesmo, e o centro das comemorações é a região do Pirapitingui, que reúne grande número de nordestinos.

Um comentário em “Dia do Nordestino é comemorado neste sábado

  • 08/10/2022 em 12:00
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    Oito de outubro é o Dia do Nordestino. A data homenageia Patativa do Assaré, expoente da cultura do Nordeste, refletindo o que a região representa para o país ao relevar seus hábitos, costumes e ideias locais. A música é uma das manifestações da criatividade nordestina pela convivência entre diferentes matrizes (africanas, indígenas e europeias), cujas movimentações culturais têm berço nos nove estados da região, que deram à música nordestina um caráter de multiplicidade instrumental e rítmica. O Nordeste evidencia que o Brasil possui uma identidade própria, a partir dessas narrativas. Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, inspirou a data em que se celebra o Dia do Nordestino. Cantor, compositor e poeta cearense, contou as histórias da região, o jeito de amar, viver, brindar e olhar para as coisas. Como ele, outros expoentes trouxeram o Nordeste para o centro da narrativa. Jorge Amado, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos, autores nordestinos da segunda geração modernista, escreveram romances engajados aos seus tempos, as peculiaridades socioculturais e regionais, um retrato poético que reverbera país afora.

    Com a influência culinária indígena, aliada à afro-portuguesa, a região refaz a leitura das receitas ancestrais, adicionando cores, temperos e especiarias. Carne seca, peixes e frutos do mar recebem os temperos e especiarias, mais “quentes” ou mais “frios”, a depender da tolerância aos pratos fortemente apimentados. Como não amar uma boa moqueca, vatapá, acarajé, entre tantas outras opções típicas?

    A moda nordestina é tão diversa quanto as artes. Une tradição, artesanato, preservação e renovação. Há o estilo Nordeste nas indumentárias, que abraça suas cores e texturas e encontra diferentes modos de usar e adaptar estilos. Traços característicos das vestimentas, a miçanga, a palha e as tranças ganham novas roupagens, mais atualizadas e modernas, mas sempre mantendo a essência que se reconhece de longe! Com tantas contribuições à cultura do Brasil, o Nordeste fortalece sua criatividade tropical na essência brasileira em voz, ritmos, cores e estilos.

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