Nutricionista “desmistifica” o veganismo

Maria Alice decidiu cursar nutrição para
exatamente para aprender mais sobre a dieta e aplicá-la no dia a dia (Foto: Pâmela Ratti/Divulgação)

Na última terça-feira (1º) foi comemorado o Dia Mundial do Veganismo ou Dia Mundial Vegano. A data surgiu em 1994, por intermédio de Louise Wallis, presidente da Vegan Society, em comemoração aos 50 anos da fundação da Sociedade Vegana do Reino Unido, fundada em 1944.

A data celebra em todo o planeta a consciência vegana, ou seja, um ato de protesto contra o consumo de produtos de origem animal. O veganismo não aconselha a ingestão de alimentos de origem animal e derivados, como leite e ovos, por exemplo.

Os vegetarianos não consomem alimentos de origem animal (carnes, peixes, frangos e etc). Os veganos, por sua vez, além de não consumir, também não utilizam absolutamente nada que tenha relação com os animais, e isso inclui roupas, cosméticos e até mesmo medicamentos. Em suma, ser vegano não se resume apenas à questão alimentar, mas também a todo um modo de vida sem contato com produtos derivados a partir dos animais.

Para falar um pouco mais sobre o assunto, o Periscópio conversou nesta semana com a nutricionista Maria Alice Gimenes. Pós-graduada em nutrição esportiva e especialista em vegetarianismo, ela comenta sobre sua trajetória, os benefícios e os cuidados que precisam ser tomados para uma transição para o veganismo ou o vegetarianismo.

“A minha trajetória no veganismo começou de 2013 para 2014, quando comecei a treinar na academia e passei por um nutricionista e passei a ter mais conhecimento sobre alimentação saudável. Eu tive um episódio de gastrite nervosa e um dos médicos me recomendou a reduzir um pouco a carne e, como não havia nutricionistas vegetarianos e eu mal sabia isso na época, eu fui pesquisando por conta”, relata Maria Alice.

Ao fazer um intercâmbio na Austrália, a nutricionista passou a ter contato com muitos produtos veganos e vegetarianos, o que facilitou em sua transição. “Quando retornei para o Brasil eu já tinha pesquisado mais sobre a filosofia, algumas coisas fizeram sentido  para mim e eu resolvi manter, mas aqui tive um pouco mais de dificuldade”, comenta.

Foi então que ela decidiu. “Então eu fui estudar nutrição exatamente para aprender mais sobre essa dieta e aplicar no meu dia a dia e poder ajudar as pessoas que também estavam com dificuldades em encontrar nutricionistas que sejam simpatizantes dessa causa vegetariana e vegana”, destaca a profissional. Maria Alice explica que o veganismo é um estilo de vida e não uma dieta. “Existe a dieta vegana, onde são eliminados todos os tipos de produtos e alimentos de origem animal, como os laticínios, o mel, ovos. Tudo que tiver passado por algum tipo de sofrimento ou crueldade, algum tipo de exploração animal, os veganos optam pro evitar alimentar-se desses produtos para não contribuir com essa cadeia”.

São vários pontos que levam o indivíduo a se tornar vegetariano ou vegano. “Através da ética, onde eles têm acesso a quantidade de animais que são abatidos, tanto os terrestres quanto os do oceano, e aí percebe que isso gera dor, sofrimento e que é possível viver sem a carne e entendem que os animais são capazes de sofrer, de sentir prazer, felicidade e aí nesse tratamento, nesse confinamento, nesse abate, acaba levando a não mais consumir para não alimentar essa cadeia”, explana a nutricionista.

Outro motivo é o da saúde. “Hoje em dia tem muitos estudos que associam efeitos positivos na saúde para as pessoas que retiram produtos de origem animal e incluem mais produtos de origem vegetal. Diminui os riscos de doenças como diabetes, hipertensão, alguns cânceres, mas isso tudo em uma dieta  vegetariana equilibrada. E outro motivo também é a preservação do meio ambiente”, prossegue Maria Alice.

 A nutricionista destaca que qualquer profissional da área que tenha estudado sobre a dieta vegetariana e vegana é capaz de atender um paciente. “É claro que se já vivenciou essa experiência, é um simpatizante da causa, pode ser que tenha uma facilidade, uma experiência para compartilhar, mas não é uma obrigação”, relata.

Sobre os impactos da transição na saúde, eles são muito positivos de acordo com a nutricionista, deste que a alimentação seja equilibrada. “Se o profissional tiver calculado todos os macro e micro nutrientes para que não tenha nenhuma falta nessa dieta. A proteína animal é substituída pela vegetal. A alimentação fica muito mais rica em fito químicos, passa a ingerir mais legumes, mais frutas. As partes que ele precisa cuidar mais junto ao nutricionista é a vitamina B12 e sempre se atentar com o aporte de ferro e cálcio”, conclui.