Espaço Acadil: A Pipoca e o sonho

Por Ditinha Schanoski 
Cadeira nº 19 I Patrono Dr. Benedito  Motta Navarro

Antônio saiu mais cedo, naquele dia, da sua casa, levando todo material que costuma usar no seu trabalho de pipoqueiro (meio de fazer um “bico”) para engordar um pouco o magro salário que recebe como aposentado.

E por falar em pipoca, eu pergunto: Quem não gosta de pipoca?

Observe a pipoca na panela. Conforme o óleo vai esquentando as pipocas vão estourando transformando os grãos de milho em flocos de pequenas flores brancas. Tem alguns grãos que não se submetem à ação do fogo e se jogam de dentro da panela.

Mas, voltemos ao seu Antônio. O dia parecia ser promissor. Alguém falará que na metade do dia, haveria uma grande aglomeração de pessoas na Praça da Matriz. Não sabia bem do que se tratava, mas tinha esperança de ganhar um bom dinheirinho que o ajudaria na compra de um fogão (mesmo usado), pois no seu só funciona uma “boca”. Queria também poder comprar um casaco de frio para Maria Nazaré, sua mulher. Seu sonho era vê-la sempre feliz.

Nossa! Num piscar de olhos a Praça estava lotada. O pipoqueiro olhou para o centro da Praça e viu um cortejo, que soube mais tarde, simbolizava o Império da festa do Divino Espírito Santo, segundo a Professora e Historiadora Marly Germano Perecin. Esta é uma festa de inteligência, alegria religiosa e de cunho popular,que se realiza,  anualmente,na cidade de Itu , em louvor ao  Divino Espírito Santo. Esse cortejo saía da residência da Família Xavier de Oliveira e em procissão ia até a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária.  

É sem dúvida uma festa tradicional de alegria religiosa. Seu Antônio,cada vez mais impressionado viu surgir um desfile de carros de bois, carroças de lenhas, exibição de bandeiras, cantadores, leilão de prendas, etc…

Seu Antônio, cada vez mais deslumbrado,assistia a tudo. Quando o cortejo se aproximou ele pode ver que eram crianças com trajes de rei, rainha, príncipes, princesas…

Seu Antônio, olhos sonhadores, contemplava tudo aquilo embevecido, mas quando parecia que o evento chegava ao fim, surge um helicóptero que derramava pétalas de rosas coloridas e perfumadas.

Lindo! Tudo muito lindo! Só lamentava que a sua Maria de Nazaré não estivesse ali ao seu lado. Já imaginando a sua alegria quando visse o fogão e a blusa de frio que tanto esperaram sim, porque ele, com essa festa faturou o suficiente para realizar alguns sonhos a mais…

Ah! As pipocas com seu jeito de explodir ecoavam exalando aquele  aroma de pipoca enchendo o coração do pipoqueiro de  alegria pela bela apoteose . O sonho não acabou!

Quando chegou a casa, cansado, mas feliz, contou tudo para esposa e ela, com aquele ar de tranquila sabedoria, disse-lhe: Só pode ser coisa boa.

Nada há de mais belo do que quando o Espírito Santo sopra seus dons.