Manifestantes são retirados de praça do Quartel

Praça Duque de Caxias já está completamente desocupada após cumprimento de decisão para retirada de manifestantes de acampamentos bolsonaristas (Foto: Daniel Nápoli)

A Prefeitura de Itu comunicou na tarde de segunda-feira (09) que cumpriu a decisão do Inquérito Federal 4.879, determinando a imediata desocupação dos acampamentos e ocupações realizados em frente ao Regimento Deodoro, na Praça Duque de Caxias, Centro. A retirada dos manifestantes ocorreu após a prática de atos terroristas contra a Democracia e as Instituições Brasileiras, ocorridos no último domingo (08), na Praça dos Três Poderes, em Brasília/DF.

A desocupação foi realizada pela Polícia Militar do Estado, e teria apoio da Força Nacional e Polícia Federal caso necessário. A Prefeitura se fez presente na ação com a disponibilização da Guarda Civil Municipal e ainda com veículos da Subprefeitura Leste para a remoção de material deixado na praça pelos participantes dos atos.

“Cumprindo os termos do inquérito, o município atende a resolução que determina auxílio na investigação e prisão dos responsáveis pelos desprezíveis ataques terroristas, assim como de seus financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática dos crimes previstos nos artigos 2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016 e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A, § lº, III (perseguição), 286 (incitação ao crime)”, declarou a administração municipal em nota.

A Prefeitura de Itu informou ainda que atende a solicitação para identificação de todos os proprietários de ônibus apontados pela Polícia Federal, que transportaram terroristas para o Distrito Federal – que deverão ser identificados e ouvidos em 48 horas, apresentando a relação de todos os passageiros, dos contratantes do transporte, inclusive apresentando contratos escritos caso existam, meios de pagamento e quaisquer outras informações pertinentes.

“Desde o início da aglomeração na Praça Duque de Caxias, logo após a confirmação do legítimo resultado das urnas das eleições presidenciais, a Prefeitura de Itu, dentro de suas atribuições legais, efetuou ações de monitoramento, fiscalização de conduta, regramento do tráfego na região e verificação de denúncias por parte de munícipes que reclamaram dos transtornos causados pelos manifestantes”, finaliza a nota da Prefeitura. A reportagem do JP esteve na Praça Duque de Caxias na manhã de ontem (10) e constatou que todos os manifestantes já tinham saído do local.

Antes, um grupo de manifestantes que estava em frente ao Quartel de Itu foi até Brasília e participou dos atos violentos no domingo. Imagens divulgadas nas redes sociais e grupos de WhatsApp mostram manifestantes entrando em um ônibus que iria para a capital federal. Também viralizou pela internet convocações para uma caravana gratuita, com passagem e alimentação paga para quem se interessasse.

Manifestações

Ainda no domingo, pouco após os atos que vandalizaram os prédios do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional, o prefeito Guilherme Gazzola (PL) fez uma dura manifestação contra os praticantes dos ataques. “Os brasileiros de bem assistem estarrecidos atos de barbárie cometidos por marginais travestidos de manifestantes que, criminosamente, invadiram e vandalizaram a sede dos três poderes da República. Acredito na democracia e na força das instituições para punir exemplarmente estes canalhas”, declarou.

Grupo de esquerda realizou ato em prol da democracia brasileira na noite de segunda-feira, no Largo do Carmo (Foto: Fernando de Souza/Staff News)

Um dia após os ataques aos prédios dos três poderes, diversos atos em prol da democracia foram registrados pelo país. A maior manifestação ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo/SP, onde manifestantes majoritariamente de esquerda se reuniram para condenar o ocorrido em Brasília. Em Itu, um pequeno grupo se reuniu na Praça da Independência (Largo do Carmo), no início da noite de segunda-feira.

Correligionários de PCB, UP, PT e Rede Sustentabilidade, além de estudantes, professores, sindicalistas e pessoas sem vínculo político-partidário, se reuniram para rechaçar os atos que depredaram as instituições. Os participantes fizeram uma roda de conversa e combinaram novos atos para mobilizar outros ituanos em prol da defesa da democracia.

Presidente do PT, Anderson Silva foi abordado por policiais militares durante o ato. Os PMs questionavam se havia autorização para a manifestação em praça pública (Foto: Fernando de Souza/Staff News)

Ao JP, o presidente do PT de Itu, Anderson Silva, disse que “só podemos ter uma vida digna na Democracia”. “Queremos um Brasil tão grande quanto os nossos sonhos. Itu, como berço da República, jamais poderá se abster de lutar pela democracia, pois fez e faz parte da história política do nosso país. O que aconteceu neste domingo foi uma afronta a todos os segmentos democráticos do país. Por isso, esse encontro na Praça do Carmo com representantes de vários segmentos de lutas se fez necessário”, declarou.

“Só podemos ter uma vida digna na Democracia”
Anderson Silva, presidente do PT de Itu

O Museu Republicano de Itu manifestou repúdio aos ataques promovidos por bolsonaristas radicais contra os Três Poderes da República. Em suas páginas nas redes sociais, no dia seguinte aos ataques, a instituição publicou uma nota divulgada pela Reitoria da USP (Universidade de São Paulo), mantenedora da unidade museológica.

De acordo com o texto, arruaceiros fanáticos mancharam de vergonha a capital federal, e a USP exige o esclarecimento imediato dos fatos e a punição dos responsáveis pelo terrorismo. A nota, assinada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e pela vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, pode ser conferida através do link: https://bit.ly/3XghzgV.

Já a deputada estadual Monica Seixas (PSOL) criou uma comissão para acompanhar a desocupação da frente dos quartéis. Foram encaminhados 34 ofícios para os batalhões da Polícia Militar de São Paulo e um para a Secretaria de Segurança Pública do estado, questionando quais medidas serão tomadas para evitar ataques à democracia dentro do Estado.

Por sua vez, o Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, informou que “as ações que aconteceram em Brasília não têm similaridades com as manifestações aqui em São Paulo. Nós temos um cenário de tranquilidade”. A fala foi feita durante anúncio de que as forças de segurança estaduais adotariam ações para desmobilizar os acampamentos instalados nas proximidades de quartéis do Exército e sede de poderes.