Espaço Acadil: A procissão, as velas e o vento
Ditinha Schanoski
Cadeira nº 19 I Patrono Doutor Benedito Motta Navarro
Esta reflexão aconteceu durante uma procissão luminosa de Nossa Senhora da Candelária aqui em Itu. Nesta época do ano, pleno verão, não se sabe de onde surge aquele vento parecendo desafiar as velas acesas.
Enquanto a procissão caminha, o vento se esforça em apagar as velas, que muitas vezes vão mal protegidas e ocorre um fato curioso: o vento é capaz de apagar uma, dez, vinte velas, mas não é capaz de apagar todas. Quando o vento apaga uma vela, sempre existe uma ao lado que permanece acesa e então, pela partilha do fogo, a vela apagada se reacende e a procissão segue bonita e iluminada. O vai e vem de acender e apagar as velas vai se formando no ar uma verdadeira apoteose.
Esta cena da procissão luminosa nos convida a refletir. A procissão é a nossa vida, a nossa caminhada de fé. A procissão tem um destino certo, que não é outro senão Deus e a realização de seu reino no meio de nós. Nunca caminhamos sozinhos, pois, não existe procissão de uma única pessoa. Ao nosso lado está sempre um irmão que, como nós carrega a luz da fé. A luz da vela é a nossa fé, a nossa motivação para continuar a caminhada. O vento não pode ser outra coisa, senão as dificuldades do dia a dia, a força do mundo que tenta apagar a nossa motivação e continuar na caminhada.
Na vida, todos nós temos altos e baixos e, muitas vezes, o vento apaga a luz da nossa fé, mas ao nosso lado existem várias pessoas, cujas chamas estão acesas, cheias de entusiasmo cristão e que pelo testemunho é capaz de renovar o nosso próprio entusiasmo.
Assim é a procissão luminosa, assim é a nossa vida. Sozinhos não podemos com a força dos ventos, mas juntos somos mais fortes. Se durante a procissão (vida), o vento apagar a sua vela, olhe para o lado e sempre haverá alguém com a vela acesa pronto para iluminar seu caminho. É só assim que as velas ganham a batalha contra o vento e iluminam a noite escura da humanidade.