A coroação de Charles III pela visão de um ituano
No último dia 06, a coroação do Rei Charles III, 74 anos, em Londres na Inglaterra, monopolizou as atenções de boa parte do mundo. Uma cerimônia com toda pompa e circunstância, dentro de todos os padrões da tradição britânica e da importância que requer o momento. O que o mundo viu, pela televisão, foi uma cerimônia linda, emocionante e que atraiu a atenção internacional. Aparentemente, pelo que a televisão mostrou, a Inglaterra parou para ver a coroação. Será?
O Periscópio manteve contato com o arquiteto ituano Mário André Giannetti Filho, 42 anos, atualmente residindo em Manchester, que passou com exclusividade uma visão um tanto diferente daquela que foi mostrada aos quatro cantos do planeta.
“Eu moro em Manchester, não em Londres e por aqui foi tudo bem calmo. Inclusive eu estava trabalhando na hora da cerimônia, mas sei que colocaram um telão no principal parque da cidade [Manchester] para que as pessoas pudessem assistir a coroação. Eu não fui ao parque, mas pelas fotos que vi, o evento estava bem vazio”.
Ele ainda observou que “o governo tentou engajar a população com vendas de bandeiras da coroação e souvenirs, mas as pessoas não entraram muito no clima. Essa foi a percepção aqui onde moro. Talvez em Londres tenha sido um pouco diferente”, observa.
Um dos motivos apontados por Mário, e que na verdade não é segredo para ninguém, seja na Inglaterra, Estados Unidos, China, África ou no Brasil, é que “o agora Rei Charles III não é uma pessoa muito popular e carismática aqui na Inglaterra, por conta, novamente, do escândalo do caso Diana”.
Para Mário, “a impressão que dá é que quem ainda sustentava a monarquia era a Rainha Elizabeth II, que ficou mais de 70 anos no poder. Com a morte dela, o Rei Charles III vai ter trabalho para sustentar a monarquia intacta: muitos países que são ex-colônias britânicas, como a Austrália, já iniciaram processos de não mais reconhecimento da monarquia inglesa como monarquia deles também”.
O falecimento da Rainha Elizabeth II, em 30 de março de 2002, aos 96 anos, criou uma comoção internacional. O mundo todo reverenciou a monarca que, esta sim, foi carismática ao extremo. Esse carisma – que a Princesa Diana também tinha, numa proporção bem menor, mas tinha – o agora Rei Charles III parece não ter nem pela visão global, nem mesmo dentre os súditos britânicos.
NR – Quando a Princesa Diana faleceu, em agosto de 1997, o casal já estava separado por conta de um relacionamento do então Príncipe Charles com Camila Parker, 75 anos, agora coroada como Rainha Consorte.