Vitrine da frustração: 78% das crianças e adolescentes são dependentes das redes sociais
Por Raquel Silveira
Você acorda e a primeira coisa que faz é dar uma olhada no quarto dos filhos para checar se está tudo bem. Ao ver pela fresta da porta, nota-se que ele está de olho nas redes sociais, uma atitude que se repete a todo momento durante o dia de forma automática e que momentos offline dão espaço à irritabilidade, inquietação e ansiedade. Se você se identificou ou percebeu esse comportamento, cuidado!
Segundo uma pesquisa realizada pela COMSCORE (padrão de medição de fato para mídia digital), mostra que o Brasil é o 3º país que mais consome redes sociais no mundo. São 131.506 milhões de contas ativas. Destas, 96,9% são usuários únicos nas redes sociais. Em entrevista com a pedagoga, especializada em pedagogia e neuropsicopedagogia, Marcia Petrelli (52), conta que os anos da adolescência são um período particularmente vulnerável para o desenvolvimento do cérebro “Por ser um assunto bastante discutido virtualmente, em teoria, os jovens sabem da importância da saúde mental porque querem cultivar a vida, acreditam e gostam de viver, mas por outro lado, quando surge a frustração não conseguem lidar. É comprovado cientificamente que maturidade emocional só vai estar 100% formada entre os 21 ou 22 anos de idade”.
A conscientização em relação a essas questões tem aumentado, e o tabu associado a elas está diminuindo. Esse progresso foi impulsionado, em grande parte, pela pandemia da Covid-19, que mostrou de forma evidente os desafios enfrentados pelo isolamento social, como a depressão. Durante esse período, houve um crescimento significativo nos casos do distúrbio, o que levou a um aumento nas discussões abertas sobre saúde mental na internet, como comenta a pedagoga “É preciso estudar e propagar a campanha com muito cuidado, para que não passe de uma irrelevância. nossos jovens são muito mais suscetíveis ao que veem, escutam e leem. As campanhas na mídia são extremamente relevantes, mas elas precisam ter sintonia de ideias e pessoas competentes na causa para falar em uma linguagem que o jovem é capaz de entender”.
É necessário entender como essas ferramentas apresentam desafios e riscos que devem, sim, ser considerados, mas ao mesmo tempo trazem consigo oportunidades, a capacidade de mobilizar pessoas, que juntas possam enfrentar problemas da sociedade. “A melhor habilidade que as pessoas podem atribuir é a empatia, uma consciência social de mundo e principalmente uma comunicação não agressiva para intermediar num momento frágil para orientar em certas situações a busca por ajuda profissional”, conclui a pedagoga.