Saúde mental e trabalho: o que pode ser feito para conciliar as áreas?
Por Leticia Petrelli
A saúde mental tem se tornado um assunto cada vez mais relevante e vem sendo discutido entre grupos de jovens e, principalmente, dentro de ambientes trabalhistas. Isso porque em decorrência da pandemia do Covid-19, os índices de transtornos mentais sofreram um aumento significativo.
Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2022, no primeiro ano da pandemia de coronavírus, a taxa global de ansiedade e depressão aumentou em 25%. O resumo científico publicado pela OMS alerta sobre o perigo que esses números podem significar para a sociedade: “A pandemia da Covid-19 teve um impacto grave na saúde mental e no bem-estar das pessoas em todo o mundo, ao mesmo tempo que levantou preocupações sobre o aumento do comportamento suicida”.
Um dos distúrbios mentais que mais ganhou destaque no ano passado foi o Burnout, a Síndrome do Esgotamento Profissional. Esse transtorno é causado pelo excesso de trabalho e, geralmente, inclui sintomas como: cansaço físico e mental extremo, estresse, dores de cabeça, dificuldade de concentração, entre outros.
A psicóloga Miriam Grazia Schincariol Ferrari afirma que esse esgotamento psicológico pode ser motivado por uma série de causas, dentre elas, a falta de lazer. “São muitas causas atuais de um cenário de exaustão, não só para os profissionais nas empresas. Ter agenda cheia, pouca disponibilidade para lazer, viver correndo e sempre com o trabalho no celular se tornou sinônimo de sucesso e prosperidade… De modo geral, o que vejo na prática clínica são pessoas com alta demanda de produtividade e baixa disponibilidade para cuidar da família e da saúde. O home office em alguns casos traz essa falsa impressão de que o funcionário possui mais flexibilidade de tempo”, pontuou.
Miriam também explicou qual é o papel das empresas perante a saúde mental dos colaboradores: “as empresas possuem responsabilidade social diante disso, deve existir preocupação com o clima da empresa, com a resolução dos conflitos para que se tenha um bom cenário de relações interpessoais saudáveis”, comentou.
Por fim, a psicóloga declarou quais medidas devem ser priorizadas em uma empresa ou instituição para manter um ambiente de trabalho saudável: “Na minha visão, para a empresa cuidar da saúde mental dos funcionários ela precisaria estruturar ideias para cuidar da saúde em geral, partindo do princípio que o ser humano passa a maior parte da sua vida trabalhando e quanto melhor sua saúde estiver, se mantendo motivado e valorizado, melhor estará seu desempenho. Isso envolve cuidar do clima organizacional, das propostas de desenvolvimento profissional e um olhar atento às demandas. Para isso, as empresas precisariam investir em uma boa gestão de recursos humanos, a qual torne possível levantar as necessidades individuais de cada CNPJ e suas respectivas medidas eficazes de fato”, finalizou.