Saúde em Foco: Envelhecer com saúde

Por Dr. Eneas Rocco*

Saúdo em primeiro lugar os leitores do Jornal Periscópio, com os quais espero ter uma comunicação duradoura através desta coluna sobre saúde. Neste primeiro contato falaremos sobre o envelhecer, algo que acontece todos os dias, é progressivo e irreversível.

O Brasil, um país considerado jovem até algumas décadas, apresenta números impressionantes; quase 11% da população tem mais que 65 anos, metade entre 30 e 64 enquanto jovens abaixo de 30 anos são cada vez menos numerosos. Tal distribuição é bastante preocupante porque implica em menor produção e maior necessidade de auxílio.

A chamada pirâmide populacional, assim denominada por seu formato há cerca de cinquenta anos, hoje tem outro desenho lembrando quase um barril.

1970

2022

Envelhecer com saúde é um desafio que requer ações diversificadas e a compreensão desse processo deveria ser ensinada desde os bancos escolares. Nosso envelhecimento começa bem antes de nos tornarmos idosos, por isso seria bem mais fácil se a alimentação considerada saudável por já fosse iniciada na infância, pois chegaríamos aos 65 anos com a prevenção feita!…

Mas não é assim que acontece por várias razões; na maior parte das casas brasileiras não tem muito como escolher o alimento a ser consumido, em outros lares há toda uma influência cultural de quem tem suas origens em imigrantes que passam suas preferências de geração em geração e sem contar que os jovens de hoje consomem muito produto industrializado.

O que acaba acontecendo na maior parte das vezes, é que as pessoas se dão conta do seu envelhecimento através da descoberta da elevação da pressão arterial ou de algum exame de rotina alterado ou o que é pior, uma internação em UTI.

Chamamos de prevenção primária ao conjunto de medidas que precede a existência de uma doença, através do combate aos fatores predisponentes, que são denominados fatores de risco. E a prevenção secundária é a que se implementa em indivíduos que já apresentam doença estabelecida e que requer por sua vez medidas de maior rigor.

Como a medicina evoluiu demais nas últimas décadas, eu ouso dizer que quase tudo tem jeito, recursos não faltam. Porém, apesar da evolução conceitual e tecnológica na área da saúde, o papel do autocuidado é indiscutível, ou seja, não temos como não participar do nosso próprio tratamento através de ajustes e de mudanças em nosso modo de viver. É disso que vamos falar em nossos próximos encontros.

*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.