Bailarinos da Faces Ocultas vão para o exterior aperfeiçoar estudos
Fundada em Salto em 1997, a Faces Ocultas Companhia de Dança é um dos principais grupos do interior do Estado e é parceira da Casa da Memória Negra de Salto, estando à frente da oficina gratuita de Expressão Corporal Afro, que foi iniciada em junho deste ano. A prestigiada companhia tem levado muitos jovens a aperfeiçoar os estudos ou trabalhar com dança no Brasil e no Exterior. É o caso da jovem Mariana Tancredo, de 26 anos, que está envolvida com as ações da Casa da Memória Negra desde o início do projeto e em breve viaja rumo à Nova Iorque, nos EUA, para aprimorar seus estudos de dança.
Mariana entrou com 13 anos no projeto social “Balé Jovem”, oferecido pela companhia. “A partir desse projeto o Ari [Arilton Assunção, diretor geral da Faces Ocultas] me convidou para estagiar na companhia. Eu fui fazendo as aulas e em 2022, realizei audições em duas escolas nos EUA: a Escola de Dança Martha Graham e a Companhia de Dança Limón, ambas em Nova Iorque”. A jovem passou nas duas instituições, mas escolheu a primeira. “É uma das principais escolas e companhias de dança moderna dos EUA e do mundo”, conta Mariana, que viaja para terras estadunidenses em setembro. O período de estudo vai até o fim do ano, mas poderá se estender.
“Estou muito animada e feliz de ter passado na audição e sair do país para estudar o que eu gosto, o que eu quero para a vida. A minha expectativa é que dê certo, que eu consiga fazer tudo que tem que fazer lá e talvez ficar por mais tempo. Ou se não der, que eu consiga trazer o máximo de coisas que eu aprender lá para Salto”, conta a jovem, que se sente “completa no mundo” com a dança. “A dança consegue me transportar para o nível mais próximo do divino”.
Mariana se apresentou diversas vezes no Sarau Café com Pretos e esteve à frente de algumas aulas de Expressão Corporal da Casa da Memória Negra de Salto, ministrada pelo Grupo Faces Ocultas às sextas desde junho deste ano no Centro Cultural de Salto. “Eu acho esse projeto incrível, porque ele aproxima as pessoas do meio da arte, tanto da dança quanto das outras oficinas propostas para a população”, afirma. “Se eu tivesse tido contato um pouco mais cedo, como essas pessoas estão tendo, talvez eu tivesse começado na dança antes”.
Vivência internacional
Entre outros talentos no Exterior, o bailarino profissional Leony Boni, de 34 anos, também passou pela Faces Ocultas e hoje está em Detmold, na Alemanha, atuando na companhia de dança do teatro Landestheater Detmold. “Eu acho que nasci com os olhos brilhando para a dança. Sempre que podia, quando criança, aprendia qualquer coreografia que passava na TV ou via pela cidade. Tinha facilidade de aprender até olhando. Assim, comecei a me interessar mais e mais”, comenta ele, que começou a estudar dança aos 10 anos.
Leony se interessou pelo Curso de Férias de Dança da Companhia Faces Ocultas em Salto e pediu uma bolsa para cursar street dance. “O Arilton, diretor da Companhia, concordou em me dar a bolsa, apenas se eu fizesse todas as outras modalidades. A partir daí, não consegui mais largar o ballet e o contemporâneo”, comenta.
Segundo o bailarino, o Faces Ocultas foi uma grande escola para ele. “Eu aprendi não só como me portar em cena, mas fora dela também. Um bom bailarino sabe se portar bem em qualquer lugar. Um bom bailarino não é só no palco, mas você o conhece pela forma que fala com você! E isso devo muito a esse lugar: o Faces Ocultas Companhia de Dança”, frisa.
Depois de sua formação no Faces Ocultas, Leony passou por Companhias de Dança em São Paulo e atuou por 06 anos na Déborah Colker Cia. de Dança, no Rio de Janeiro. “Depois de 6 anos no Rio, vim pra Alemanha”, recorda. “Aqui, tenho oportunidade de também expandir meu conhecimento para coreografar e ensaiar para a companhia de Detmold”.
A produtora cultural, cineasta e professora de cinema Lilian Solá Santiago, idealizadora da Casa da Memória Negra de Salto e coordenadora das oficinas, celebra a conquista desses bailarinos. “A Faces Ocultas é muito importante para a formação da dança na região e no país, levando bailarinos para fora, e é um grande prazer ter essa parceria em nossas oficinas de forma totalmente gratuita para a população”, comenta.
Oficina gratuita
A bailarina e professora de danças Dhaviani Micheli Bonfim, que está na Companhia desde 2006, estará à frente de todos os encontros da oficina de Expressão Corporal Afro da Casa da Memória Negra de Salto até o final de novembro, e a participação é livre e gratuita, sempre às sextas-feiras, às 19h30, no Centro Cultural de Salto. Segundo ela, para participar da oficina, basta querer. “O querer é o mais importante, porque a dança é para todos”. Para saber mais, acesse: https://oficinas.casadamemorianegrasalto.com.br/.
As oficinas da Casa da Memória Negra de Salto são uma realização da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, por meio do ProAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), com recursos da Lei Paulo Gustavo do Ministério da Cultura. A produção do projeto é de Do corpo ao conto e Terra Firme Digital, com apoio da Prefeitura da Estância Turística de Salto.