Dia da Luta das Pessoas com Deficiência é celebrado
O Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência é comemorado desde 2005 em 21 de setembro, a partir da lei nº 11.133, e a cada ano renova uma luta permanente pelas reivindicações por políticas de inclusão e o fim da exclusão social. Uma data que marca a luta pela construção de mobilizações em favor da inclusão social de pessoas com deficiência e da luta anti-capacitista e celebração destes movimentos.
O Periscópio manteve contato com o jornalista Rafael Ferraz, que é tetraplégico e falou sobre a data, os problemas e outros assuntos que envolvem as pessoas com deficiência em Itu e no Brasil. Rafael Ferraz já trabalhou no JP há alguns anos, antes do acidente que o deixou em uma cadeira de rodas.
Na condição de jornalista, Ferraz – como não poderia deixar de ser – deixou um depoimento muito extenso, que nesta edição fica condensado em alguns dos principais tópicos.
Segundo ele, a conscientização da sociedade sobre os corpos com deficiência é determinante para a inclusão social. “Nossa percepção impacta diretamente na acessibilidade e nos direitos conquistados, essenciais para equidade e participação plena. Infelizmente, barreiras e exclusão persistem, especialmente na esfera pública, onde o discurso das promessas eleitorais raramente se traduz em ações concretas de inclusão”.
O jornalista diz também que “o respeito começa ao enxergar a pessoa antes da deficiência. Não sou um ‘deficiente’, mas uma pessoa de direitos que tem, entre suas características, uma deficiência. Esta distinção é crucial para mudar paradigmas. Temas urgentes afetam 18,6 milhões de pessoas com deficiência, segundo o PNAD 2022 (IBGE). Usar nomenclaturas adequadas, acessibilidade, tecnologias assistivas, respeitar vagas reservadas, mercado de trabalho e educação inclusiva são apenas alguns desses desafios. Como jornalista tetraplégico, vivencio isso na rotina profissional e acadêmica, em consultorias, entrevistas, pesquisas”.
Ferraz lembra que “apesar de leis como a Lei Brasileira de Inclusão e a Lei de Cotas, sua implementação ainda esbarra no desconhecimento e no capacitismo – preconceito contra pessoas com deficiência, agora tipificado como crime. A letra da lei não se traduz em realidade, como no atendimento prioritário em serviços públicos, frequentemente ignorado”.
Finalizando, “é como Paulo Freire disse: ‘A inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades’. Que esta reflexão nos guie para uma sociedade mais inclusiva, que celebra a diversidade e derruba as barreiras, sejam físicas ou atitudinais”.
Atualmente, Rafael Ferraz, que tem 40 anos, possui um site que é o www.jornalistainclusivo.com. Ferraz trabalhou no Periscópio entre 2003 e 2006. Em 2011 sofreu uma queda na qual fraturou a quinta vértebra cervical, com pequena lesão na medula, que o deixou tetraplégico, após 20 dias em coma.
Agora dedica-se a trabalhos jornalísticos visando divulgar notícias voltadas a pessoas com deficiências, mostrando principalmente que são capazes de conquistas e de levar uma vida que precisa, mais que nunca, ser respeitada e dignificada.