Eleito para seu 4º mandato, Geraldo Garcia comenta sobre realizações e propostas

Em longa entrevista, Geraldo fez um balanço de seus três primeiros mandatos e fala sobre propostas para sua quarta gestão no Executivo saltense (Foto: Moura Nápoli)

Na manhã de 9 de outubro, o JP entrevistou o prefeito eleito de Salto, Geraldo Garcia (PP). No domingo (06), Geraldo foi eleito com 49,25% dos votos válidos para um quarto mandato. Desde que há o cargo de prefeito na cidade de Salto (1889), é a primeira vez que um político chega a um quarto mandato.

Geraldo, de 62 anos, que também já ocupou em Salto o cargo de vereador (1997-2004) e de secretário de Cultura, Turismo e Esportes (1989-1992) e em Itu, tendo atuado como Secretário de Cultura e Turismo (1993-1996), comentou sobre os desafios da campanha, do trabalho já realizado e as propostas.

Campanha

“Esta foi a 19ª campanha da minha trajetória. Claro, se somar as eleições que pedi voto pra mim ou para deputados. De todas as campanhas, eu sinto que essa foi a que fiz com mais experiência, com bastante vontade de acertar, fazer uma campanha limpa, propositiva. Da minha parte, do nosso grupo, nós fizemos uma campanha de propostas mesmos e que foi entendida pela população. Só tenho que agradecer ao meu grupo político que foi um trabalho de bastidor bem feito, aos candidatos a vereador, mais de 90 entre os oito partidos que me apoiaram e a população”.

Análise da Câmara

“Houve uma renovação muito grande e eu já conversei com eles todos, desejando boa sorte, independente daqueles que não estiveram no meu grupo político. Eu espero fazer um trabalho de muita parceria, muito diálogo. A minha experiência acumulada mostra isso, que só o diálogo vai fazer com que a gente supere os desafios que não são poucos. O fato de eu ter sido vereador colabora muito. Eu sei exatamente das angústias do vereador, das responsabilidades que o vereador tem, então eu acredito que dá para fazer um trabalho de muita parceria, muito diálogo. Hoje a Câmara com a emenda impositiva que tem, em Salto tem essa prerrogativa, o papel é muito grande para que a gente possa fazer essa parceria forte entre o Executivo e o Legislativo. A cidade só ganha quando há entendimento. Não precisa haver concordância 100%, mas é necessário que haja respeito de ambos os lados. Da minha parte, exatamente pela trajetória como vereador e três vezes sentado lá [cadeira do Executivo], sei que o respeito será fundamental”.

Mudanças

“As coisas eram muito analógicas, hoje o papel, as propostas por escrito existem ainda, mas está ocupando um espaço muito menor. Eu tive que me adaptar nessa questão das redes sociais, tive que me inserir nisto. Temos que nos adaptar aos novos tempos e eu, graças a Deus, tive uma equipe muito positiva de marketing, que fez um trabalho que também chegou na população. Porém, eu acho que nada substitui aquele velho olho no olho e aquele velho jeito de fazer campanha que eu sempre fiz. Eu nunca andei tanto. Eu somei aquela velha ideia de olho no olho, de ouvir o eleitor, de entregar o meu panfleto, esse é o meu jeito de pedir voto, eu preciso ter alguma coisa para entregar das minhas propostas. Fiz um contraponto das redes sociais colaborando. Acredito que daqui pra frente não tem mais volta. Cada vez a política vai ter que caminhar no mundo da internet. Em cidades médias como a nossa ainda a caminhada pela rua ainda faz a diferença”.

Realizações x Propostas

“Eu poderia enumerar [as realizações]. A gente sempre faz uma avaliação do porque as pessoas nos escolheram. Eu acredito que eles fizeram uma avaliação dos meus três mandatos, dos meus 12 anos e dos trabalhos que realizei e daí posso somar tudo o que fiz na Saúde, como a reformulação das Unidades Básicas de Saúde, a formatação do Hospital Municipal eu acredito que as pessoas avaliaram bem  como era o funcionamento na minha época, através das Organizações Sociais que administram o hospital. Eu acredito que ponderaram também o que fiz com a reformulação urbanística de Salto, com as avenidas. Salto é uma cidade antiga, 326 anos, então fizemos algumas mudanças urbanísticas nas entradas e saídas de Salto. As obras estruturais, inclusive a ponte estaiada, acho que tudo isso pesou. Pesaram as obras que fiz na área de Cultura, teatro, na área de educação como escolas e creches. A luta para trazer o Instituto Federal de Educação, o Senac e o Senai). Acredito que tudo isso foi ponderado inclusive nas questões do trabalho hídrico, que é o grande clamor que a cidade tem. Tudo o que eu fiz foi diante de uma situação financeira, agora eu não sei exatamente como está, então vamos ter que ser muito criativos, buscar recursos para continuar esse legado. Vai ter que ter muita sabedoria para buscar recursos para dar conta dessa demanda que certamente as pessoas vão exigir da gente”.

Consórcio do Piraí

“O que mais me dá orgulho como vereador, entre 1997 e 2004 foi exatamente tratar, participar da gestão desse consórcio. O Rio Piraí nas na Serra Guaxinduva,em Cabreúva, passa por Indaiatuba, Itu e desemboca em Salto, no Rio Jundiaí. Tenho muito orgulho de ter participado do início dessa discussão toda e isso se dá a partir de um susto que nós levamos. Cabreúva ia montar um grande loteamento que ia ser impactante para o Rio Piraí e nós conseguimos fazer todo um trabalho de convencimento de que isso seria inviável e a partir daí nasce uma ideia de um organismo de proteção destes 90 km do Piraí. E esta questão ganha o nome de consórcio e então nós descobrimos paralelamente a isso uma ideia antiga que havia desde a década de 40 e 50, uma ideia de uma grande represa regional. Então o consórcio tem haver com a minha origem como vereador. O processo inicial foi em 2005 quando começa realmente o aporte financeiro, a luta pelos recursos federais. Eu vejo como um grande desafio e isso foi uma fala minha recorrente durante esta campanha: o grande desafio é colher o fruto desse consórcio. Que começa em 1997, 1998 então pensando que nós vamos estar em 2025, 2026, 2027 e 2028, 30 anos depois daquelas ideias iniciais. Nesta gestão, temos que consolidar 30 anos depois, finalmente esta represa, que contou com muitos desafios desde a etapa inicial, até conseguir recursos estaduais e federais, muitos presidentes dos quatro municípios passaram. Eu vejo como um grande desafio. Uma das coisas que me motivou a voltar à Prefeitura é exatamente continuar esse trabalho ou ver concluído aquele trabalho iniciado lá atrás”.

Transição

“Já pedi uma reunião de transição para o prefeito Laerte [Sonsin], no que se refere ao administrativo, mas também vamos ter que ter uma transição do consórcio. Hoje a presidência do consórcio está com Salto. Nós temos que tomar ciência de como está, porque já temos uma empresa que está começando os trabalhos, mas será que temos recursos suficientes para concluir esta represa? Será que temos que tomar alguma providência?. A eleição do consórcio será em janeiro. Nós temos que ter já uma sequência das ações que nós temos que tomar. Porque ainda nós temos umas questões ambientais que estão sendo discutidas depois de tanto tempo. Por isso que as pessoas não entendem porque demora tanto. São licitações demoradíssimas, desapropriação das áreas que gerou muita discussão e agora é saber como é que está, porque não há tempo a perder”.

Água 

“O grande recado que recebi nas minhas caminhadas aconteceu justamente neste momento de estiagem. A questão do Piraí é muito forte. Temos que fazer um trabalho ainda este ano com relação ao consórcio intermunicipal para verificar se a gente consegue ter essa represa neste próximo mandato, começando a ter recursos hídricos disponibilizados pela cota de cada cidade’, explica Geraldo.

“A outra coisa nessa transição eu quero tomar ciência do que a gestão atual está fazendo. Eu sei de alguns empréstimos que eles tentaram fazer. Quero tomar ciência, principalmente da reservação de água, quero entender, dar continuidade para os reservatórios em pontos estratégicos e outra coisa, um empréstimo que deixei pronto em 2020 de quase R$ 30 milhões para o tratamento das águas do Rio Jundiaí”, aponta Garcia.

“Quero entender quais os desafios que fizeram com que este projeto não caminhasse. Alguma coisa deve ter acontecido. Tem uma mudança técnica? Porque é um tratamento mais especial, não é um tratamento comum no rio Jundiaí. É mais caro inclusive, mas é mais caro não ter água”, reforça Geraldo.

Ainda sobre a questão hídrica, Garcia comenta. “Um desafio enorme também na região noroeste da cidade que engloba vários bairros: Jardim Saltense, Icaraí, Vila Norma, Jardim União, Nova Era, aquilo tudo tá crescendo pra caramba e lá é o Rio Buru que nós temos. Então vamos ter que dar uma atenção muito grande pra fazer lá também uma reservação e ampliação da estação de tratamento do Jabour”, conclui.

Relação com Herculano Passos

Coincidentemente, se há 20 anos Geraldo era eleito pela primeira vez prefeito de Salto, o mesmo acontecia com Herculano Passos (Republicanos) em Itu. Ao JP, Garcia fala da relação com Herculano, que 20 depois, assim como o político saltense, foi eleito para mais um mandato no Executivo. 

“É muita coincidência. Quando ele assumiu em 2005 eu estava assumindo aqui também, quando ele teve a reeleição em Itu eu também tive a reeleição aqui [em 2008]. Nós tivemos oito anos de mandatos coincidentes e tivemos grandes parcerias.”

“Se tem a duplicação da Rodovia da Convenção, que nasce de um trabalho muito forte dos dois municípios. Volto a insistir, uma coisa é um município estar lutando e outra coisa é quando dois municípios estão lutando. Nós tivemos uma luta depois de tantos anos e deu resultado que é o Consórcio do Trem Republicano. Foi uma luta de dois municípios. A questão da rodovia da Convenção, do Turismo ligando as duas cidades, só nós sabemos como foi  difícil”, destaca Geraldo.

“Além da estrada e do trem, nós tivemos as origens do consórcio [do Piraí]. É uma coincidência que se dá novamente. Temos condições certamente de continuar muito diálogo para que a gente possa da melhor forma possível continuar essa vocação tão forte. Salto e Itu são unidas por uma ‘avenida’, são  cidades irmãs desde sempre. Espero muito ter um diálogo muito positivo, muitas parcerias, unindo inclusive as lideranças políticas ligadas a Itu, deputados, porque nós vamos precisar também de muitas portas abertas em Brasília e em São Paulo”, reforça Garcia.

“Então eu vejo com muito otimismo e procurarei sim esse diálogo para que a gente possa fazer um trabalho em conjunto”, espera o futuro mandatário saltense.

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