Eduardo Ortiz: “independência é a palavra principal”
Muita gente acreditava na reeleição do vereador Eduardo Ortiz (MDB), mas não com a votação que obteve. Nem ele. O edil reconhece que ficou surpreso com os 2.855 votos recebidos no último dia 6 de outubro, que o fizeram o segundo candidato mais votado em Itu – atrás apenas de Moacir Cova (Podemos). Eleito agora para seu terceiro mandato, ele fala com exclusividade ao JP sobre como será sua atuação e os projetos futuros.
“Nos meus cálculos, esperava metade dessa votação. Mas eu sabia que eu precisava fazer voto por mim e pelos outros do meu partido”, afirma Ortiz, que teve trabalho durante a pré-campanha para estabelecer seu grupo, já que havia lançado sua pré-candidatura a prefeito. Não conseguiu viabilizar a candidatura e optou por seguir no MDB, onde era candidato nato. Durante seu último mandato, ficou com fama de “não ter grupo”, que estaria “sozinho”. Para isso, ele responde:
“As urnas mostraram que a gente não deve ter medo do individualismo. Qual o problema de ficar sozinho? Se a gente está certo naquilo que faz e se luta pelo bem, a gente não tem que ter medo de ficar sozinho”, prossegue ele, apontando que o povo está informado e atento às ações. Ele destaca seu posicionamento contra a “taxa de lixo”, que deu protagonismo a ele no Legislativo.
“Sempre me tinham como referência em uma votação na Câmara. Eu via que naturalmente estava liderando”, destaca o vereador, que acabou tendo “portas fechadas” nesta eleição. O reconhecimento das urnas mostra, segundo Ortiz, que ele tem seu próprio eleitorado agora, já que sua votação vem crescendo.
Para este novo mandato, Ortiz se vê mais preparado. “Eu vou para o terceiro mandato em outro patamar, com os políticos sabendo que as pessoas estão olhando o que a gente está fazendo. E que estava certo naquilo que falei”, conta ele, que recorda as situações que teve que lidar na Câmara quando foi voto vencido em diversas votações, mas que, na visão dele, ele estaria certo, e os demais, errados.
Eduardo Ortiz afirma que vai manter o jeito de ser na nova legislatura, com destaque à transparência e incentivo à participação popular, mas pretende profissionalizar seu mandato, em especial com relação à comunicação. Mas uma coisa permanece inalterada: a independência, segundo ele. “Essa é a palavra principal, que foi realmente o motivo de sucesso dos outros mandatos”, declara o vereador reeleito.
Relações
Ortiz também comentou sobre a relação com o prefeito eleito Herculano Passos (Republicanos). Ele disse que recebeu uma ligação do político para parabenizá-lo pela votação, a quem retribuiu. Uma nova conversa deverá acontecer. “Mas ele sabe muito bem como é o meu perfil, já me conhece desses mandatos”, aponta, recordando que seu primeiro mandato foi durante o governo Tuíze, quando Herculano ainda tinha grande influência sobre a Prefeitura.
Mas as chances de Ortiz compor a base herculanista são pequenas. “No meu currículo não tem esse negócio de votar em grupo. Isso para mim não rola, detesto esse tipo de coisa”, declara. O vereador afirma que irá apoiar todos os projetos que forem bons para a população, mas destaca que é preciso manter a independência dos poderes.
“Tudo que for bom para o desenvolvimento da cidade, o Herculano pode contar comigo. Para mim não existe isso de oposição, existe a independência”, aponta. Em suma, Ortiz diz que vai repetir o que fez no atual governo: fiscalizar. “Os chefes do Poder Executivo têm que entender que fiscalizar não é afrontar; é ajudar o Executivo a governar”, afirma ele, que espera respeito no próximo mandato.
Sobre a nova composição da Câmara, Ortiz espera novas atitudes. “Eu espero que os vereadores tenham aprendido com esses mandatos que ficar ‘enroscado’ com o prefeito não dá certo. Pode ser que para um ou outro tenha dado certo, mas é um risco muito grande”, disse. A respeito das novas caras, ele destaca a eleição das novatas Elaine do Posto (PMB) e Ana D’Elboux (Republicanos), que ele acredita que querem fazer algo pelo povo. Mas alerta que elas não devem manter elos com o Executivo para ter liberdade para votar a favor da população.
Futuro
Apesar de ainda não ter iniciado a nova legislatura, Ortiz já pensa no futuro. “Eu penso sempre servir a população, seja da forma que for. Mas é lógico que, a partir do momento que a gente tem mais ferramentas para trabalhar, é lógico que é melhor”, declara. Para isso, ele espera “uma caneta com mais tinta”.
“Vou caminhar para isso, sim, pode ter certeza. E as urnas já sinalizam a nossa ascensão na votação”, declara Ortiz. “De que forma vai ser? Aí entra o lado político. A gente vai ver questão partidária, questão de oportunidades. Mas a gente quer caminhar para não ficar anos e anos, mandatos e mandatos no Legislativo”, finaliza ele, que quer galgar novos patamares “não pelo poder, mas para ter caneta maior para ajudar a população”.