Espaço Acadil | A Regra de Ouro

Um dos graves problemas por que passa o ser humano, não só nas imensas metrópoles, mas igualmente nas pequenas e médias cidades, é o da convivência social. Nós somos seres sociais e, como tal, deveríamos ser hábeis no trato com o semelhante. Contudo, verificamos cotidianamente as dificuldades de relacionamento interpessoal em família, no trabalho, no trânsito ou nos condomínios. E por que isso ocorre com tanta frequência? A resposta é tão simples quanto incômoda: devido ao egoísmo e ao orgulho predominantes em grande parte dos indivíduos.

As pessoas não se veem em situação de interdependência. Fecham-se em egoísmo no estreito espaço de seu interior, olvidando os outros, centrando-se em seus direitos e esquivando-se de seus deveres. Pelo orgulho, colocam-se equivocadamente acima dos outros, desqualificando-os. Destarte, passam a proliferar os choques interpessoais e as desavenças. Em família, marido e esposa se desentendem; no trabalho, colegas competem deslealmente entre si; no trânsito, motoristas se desrespeitam; nos condomínios, vizinhos se ignoram.

Ao se perguntar quem está errado nesse embate interpessoal, cada um se isenta de culpa, responsabilizando os demais. Como diria Jean-Paul Sartre: “O inferno são os outros”. Ou seja, julgamo-nos sempre certos, colocando nos ombros do próximo o lado negativo das nossas relações. E como resolver esse problema tão comum em nosso meio? Aplicando a “Regra de Ouro”, que diz: “Tudo o que desejais que os outros vos façam, fazei-o também a eles”.

A Regra é muito simples, porém, para aplicá-la, precisamos cultivar qualidades que raras pessoas já desenvolveram plenamente: respeito, empatia e compreensão, paciência e tolerância, honestidade, gentileza e responsabilidade.

-Respeito às diferenças em relação aos demais.

-Empatia e compreensão, colocando-se emocionalmente no lugar do outro, buscando entender seus sentimentos e perspectivas.

-Paciência e tolerância, sabendo esperar o momento de cada um, respeitando as diferenças e sendo transigentes com suas imperfeições.

-Honestidade, sendo verdadeiro e transparente em suas palavras e atos.

-Gentileza, tratando os outros com carinho e consideração.

-Responsabilidade, cumprindo os deveres e compromissos assumidos.

Se conseguirmos incorporar tais qualidades, a convivência deixará de ser dissidente ou agressiva. Tanto em família como no trabalho e nas demais situações, o convívio se tornará amistoso, respeitoso e fraterno, pois estaremos pondo em prática a Regra de Ouro, irmanados numa atitude de paz e consideração ao próximo.

Não podemos, porém, esperar que os outros se modifiquem, nem podemos ousar modificá-los. Cabe-nos realizar a nossa autotransformação e o imperativo de levar ao próximo o que esperamos para nós mesmos. Onde quer que estejamos, sejamos sempre pacíficos, empáticos e estaremos contribuindo com atos para a instauração da convivência fraterna.   

José Antonio Bertani Marinho
Cadeira Nª 22 I Patrono Antônio de Arruda Dantas