Espaço Acadil | Compreensão da leitura no Brasil: um desafio urgente e coletivo

A leitura é uma das habilidades mais fundamentais para o desenvolvimento de um indivíduo e de uma sociedade. No entanto, no Brasil, os índices relacionados à compreensão leitora revelam um cenário preocupante. Apesar de avanços pontuais, o país ainda enfrenta grandes obstáculos para garantir que a leitura vá além da decodificação de palavras — e se transforme em real entendimento e reflexão.

Dados recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) mostram que uma parcela significativa dos alunos brasileiros não consegue interpretar textos simples, identificar intenções do autor ou fazer inferências básicas. Em outras palavras, leem, mas não compreendem. E esse problema se agrava nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

As causas são múltiplas: falta de incentivo à leitura desde a infância, acesso desigual a livros e bibliotecas, formação deficiente de professores e metodologias ultrapassadas são apenas alguns dos fatores. Em muitas escolas, o ensino da leitura ainda é tratado como uma técnica mecânica, e não como uma ferramenta para pensar o mundo e desenvolver o senso crítico.

É preciso compreender que a leitura vai além do ato solitário e silencioso. Ler é dialogar com o texto, com o autor e com o contexto. É construir sentidos. Por isso, formar leitores plenos exige investimento contínuo em políticas públicas, formação docente, incentivo à leitura literária e envolvimento das famílias.

Iniciativas locais, como clubes de leitura em escolas, bibliotecas comunitárias e projetos de leitura em praças e espaços públicos, têm mostrado resultados positivos em diversas cidades brasileiras. Aqui em Itu, por exemplo, escolas públicas e privadas já contam com projetos de incentivo à leitura que merecem ser fortalecidos e replicados.

A compreensão leitora deve ser uma prioridade de todos: governos, escolas, famílias, meios de comunicação e da própria comunidade. Afinal, um país que não lê é um país que tem dificuldade de entender a si mesmo — e de construir o próprio futuro.

Roberto Melo Mesquita
Cadeira Nº 33 I Patrono Capitão Bento Dias Pacheco