Cinerama | Amores Materialistas

Materialists, Romance/Comédia, 2025 | Direção: Celine Song | Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 1h57 | Em cartaz nos cinemas
Após o aclamado “Vidas Passadas”, a diretora sul-coreana-canadense Celine Song retorna com “Amores Materialistas”, uma proposta aparentemente provocadora, mas que tropeça em suas próprias ambições. A história gira em torno de Lucy (Dakota Johnson), uma casamenteira que, ironicamente, se vê presa em um dilema amoroso: entre o conforto financeiro e afetivo de Harry (Pedro Pascal), e a paixão imperfeita e nostálgica de John (Chris Evans), seu ex-namorado aspirante a ator.
O longa aposta mais no romance do que na comédia, que surge de forma tímida, quase envergonhada. Nesse tom mais contido, a atuação de Dakota Johnson se destaca. A atriz entrega uma Lucy contraditória e cheia de camadas, em mais uma prova de que vem deixando para trás a sombra da fraca construção de sua personagem em “Cinquenta Tons de Cinza”. Já Pedro Pascal e Chris Evans cumprem seus papéis sem grande brilho, funcionando mais como vetores da indecisão emocional de Lucy do que como figuras plenamente desenvolvidas.
Song demonstra alguma sensibilidade na construção de certos diálogos – especialmente entre Lucy e Harry -, mas o roteiro peca pela superficialidade. O filme parece querer discutir a mercantilização dos afetos e a ilusão da estabilidade emocional via status social, mas não aprofunda essas questões. O resultado é uma narrativa que soa vazia em seus momentos mais cruciais, especialmente no desfecho, que carece de impacto e significado.
Visualmente, a direção de Song é menos charmosa do que em seu trabalho anterior, embora ainda haja momentos inspirados. No geral, “Amores Materialistas” tenta ser um comentário crítico sobre o amor na era das aparências, mas acaba se tornando vítima do próprio discurso que tenta desconstruir.
Nota: ★★★