Espaço Acadil | Pegadas do meu tamanco

Comecei cedo.
Brinquei nos quintais e fiz disso poesia.
Fui para o Colégio e lá estava a poesia.
Havia poesia nos corredores limpos e frios
E nos hinos acompanhados pelos pianos.
A poesia dançava nos pátios, com os raios de sol
Se intrometendo entre as minhas pernas.
Adeus matemática!
Havia poesia no gradil,
Que nos debruçava e aos pensamentos
Num mar de sonhos,
Havia poesia no prédio, nas pessoas
E nas aulas de português.
Havia Castro Alves, Camões,
Bilac e seu ouvir de estrelas.
E na igreja,
Com seus órgãos e com seus salmos,
E na voz pastosamente holandesa
Do capelão nos seus sermões.
Assim fui indo com tanta poesia junto.
Se me descuidei ela me invadiu,
Se estive atenta, me saciou.
A poesia estava no embaçado de meus olhos
Se mergulhados em lágrimas,
E no sorriso deles
Se afogados na alegria.
Cresci e a poesia comigo.
Agora era minha!
E assim, trôpega, sem jeito prá lidar com ela
Fui compondo, fui teimando
E expelindo dessa alma
Meus gritos em mil versos.

Maria Aparecida Thomaz Alves
Cadeira Nº 09 I Patrono Newton Camargo Costa

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