Fábrica de Tecidos São Luiz é declarada Patrimônio Cultural Nacional pelo Iphan

A Fábrica de Tecidos São Luiz, um dos marcos do desenvolvimento industrial paulista, acaba de receber o mais alto reconhecimento do patrimônio brasileiro. Na tarde desta quarta-feira (26), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou por unanimidade o tombamento do prédio durante a reunião do seu Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Com a decisão, o imóvel é declarado como Patrimônio Cultural Nacional e passa a integrar o Livro do Tombo Nacional de Belas Artes e Histórico, consolidando sua relevância para a memória do país.
“Receber o título de Patrimônio Cultural Nacional é uma emoção difícil de descrever. Para nós, a Fábrica São Luiz sempre foi mais do que um prédio: é parte da nossa história familiar e da memória de Itu e do Brasil. Mantê-la viva, preservada e aberta ao público é um compromisso que assumimos com profunda responsabilidade. Desde o fim das atividades industriais, buscamos garantir que este espaço continuasse dialogando com a cidade, acolhendo cultura, educação e novas experiências. Este reconhecimento do Iphan honra gerações da nossa família e reforça a importância de seguir cuidando da fábrica para que ela permaneça, por muitos anos, como um símbolo de identidade e pertencimento”, destacam os proprietários Maria Sofia Vidigal Pacheco e Silva e Ricardo Pacheco e Silva.
Fundada em 1869, a Fábrica de Tecidos São Luiz foi pioneira: tornou-se a primeira indústria a vapor do Estado de São Paulo, fruto da iniciativa de quatro empresários liderados pelo Coronel Luiz Antonio de Anhaia. Em 1882, a propriedade passou às mãos de Paulino Pacheco Jordão, permanecendo desde então sob administração da mesma família, um raro caso de preservação histórica e sucessória no setor industrial brasileiro.
Durante mais de um século, a fábrica operou de forma ininterrupta, até 1982, quando encerrou suas atividades diante da inviabilidade de manter a produção movida a vapor. Seus maquinários, importados dos Estados Unidos, e a imponente caldeira inglesa, que chegou ao país em 1866, três anos antes da inauguração, são testemunhos da chegada da tecnologia industrial moderna ao interior paulista. O conjunto arquitetônico, construído segundo uma planta estrangeira, traduz a fase em que Itu despontava como polo industrial inovador.
Após o fim das operações, o espaço ganhou nova vida: transformou-se em um centro cultural, abrindo-se para eventos e atividades que ajudaram a garantir sua manutenção. Desde 2004, o prédio vem sendo restaurado gradualmente pelos proprietários, graças à renda gerada pelo uso cultural do espaço, um modelo de preservação que une sustentabilidade, iniciativa privada e memória coletiva.
O tombamento federal soma-se ao reconhecimento estadual: desde 1983, a Fábrica São Luiz já é protegida pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Instalado na Rua Paula Souza, 492, Centro, o prédio conta com sinalização acessível e, no canal do YouTube @espacofabrica, o público pode conhecer mais de 150 anos de história por meio de um vídeo de visita guiada e outro vídeo com depoimento dos antigos funcionários.
Com o novo título de Patrimônio Histórico Nacional, a Fábrica de Tecidos São Luiz reafirma seu papel como um dos mais importantes símbolos da memória industrial brasileira, um espaço onde o passado se mantém vivo e dialoga com o presente, preservado para as próximas gerações.

