Aumento no preço dos materiais escolares exige pesquisa
Pais devem comparar preços em livrarias e papelarias antes de comprar o material escolar dos filhos
Daniel Nápoli
Janeiro é o mês em que milhões de alunos retornam às aulas em todo o país. É também o período em que os pais, entre uma infinidade de compromissos financeiros, precisam mexer no orçamento para atender as exigências das listas de materiais escolares. O “Periscópio” visitou algumas papelarias e livrarias de Itu para saber como está a procura pelos materiais e se a crise econômica está atingindo esse segmento.
Para Eliane Fernanda Pedroso, gerente da “Papelaria Liane”, o estabelecimento registrou aumento na procura pelos itens escolares, apesar do aumento dos preços. “Assim como qualquer coisa em nosso país, devido à inflação, houve um aumento nos preços dos produtos escolares, mas, por incrível que pareça, a procura dos pais pelos materiais está bem maior em relação aos anos anteriores”, relata a gerente. “As vendas aumentaram porque, apesar do preço ter aumentado, não foi tanto em relação ao ano passado. Se formos falar em números, ocorreu um aumento de 30%. Segundo, devido à necessidade, pois os pais sabem que os materiais que se encontram nas listas são essenciais, então acabam adquirindo”. Eliane comenta ainda sobre o produto mais procurado nesta época. “Estojo de personagens de desenhos e filmes é o que tem saído mais. As meninas adoram”, ressalta.
Já para a comerciante Viviana Scalet, proprietária da “Livraria e Papelaria Real”, o aumento do preço dos produtos causou um impacto inverso na procura do material escolar. “Houve um aumento aproximado de 60% dos produtos escolares. Embora no ano passado o valor já tivesse elevado, novamente percebemos uma procura tímida dos pais. Ainda estamos no começo do ano e a tendência é que aumente a procura pelo material escolar, porém nada de excepcional”, observa.
A comerciante diz ainda que as pessoas estão esperando para adquirir o material com o intuito de economizar. “Percebo que muitos pais estão realizando pesquisas, comparando preços antes de comprar. Por isso que agora, no início do ano, as vendas estão tímidas”, ressalta.
Estratégias
Proprietário da “Papelaria ABC”, André de Castro Peluzini admite estar fazendo o que pode para que as vendas cresçam. “Felizmente a procura por material escolar tem sido muito boa. Mas estou sendo obrigado a cometer ‘loucura’ para isso. Estou procurando ao máximo não aumentar o valor dos produtos, para que haja uma maior procura. Isso afeta nosso lucro, mas é o possível de se fazer. É difícil não aumentar o preço se tudo encarece”, diz.
Luciana Valente, proprietária da “Papelaria Valente”, entende que as pessoas estão cautelosas quanto aos gastos e se coloca no lugar de seus clientes. “Hoje, em virtude da inflação, as pessoas estão bem mais econômicas, estão cautelosas, pesquisando mais os preços e reaproveitando os produtos que têm em casa. Por exemplo, se uma mãe tem uma tesoura em bom estado, vai usar a que já tem. Eu concordo com isso, não só nessa área, mas em tudo. Com a crise em que estamos, não dá para realizar gastos desnecessários”, pondera.
Entretanto, Valente diz que, embora ainda seja cedo para medir os números, as vendas desse início de 2016 estão satisfatórias. Só em fevereiro que poderia dizer com certeza o quanto foram boas as vendas, mas posso adiantar que a procura neste ano, mesmo com a cautela, já é maior que 2015”, comemora.
O vendedor Carlos Rubens Bazanelli Girio, funcionário da “Livraria Nobel”, também considera satisfatória a procura por material escolar em 2016. “Os preços aumentaram um pouco, mas os pais estão procurando tanto quanto nos anos anteriores. Por exemplo, o lápis de cor continua tendo uma boa saída”, enfatiza.
Economia
Já para os pais, o mês vem sendo de muita pesquisa e cautela. É o que conta a assistente administrativo Bruna Domingues Mazzutti. “Minha filha está cursando o Ensino Fundamental I. De série para série, variam alguns itens do material escolar, porém os preços estão muito altos; um absurdo. Pesquisei em três locais antes de fazer as compras. No ano passado, ao todo gastei R$ 180,00 com a lista. Agora, com desconto, tive que desembolsar R$ 250,00. O aumento foi bem grande, mas temos que comprar”, justifica a mãe, que não vê problemas em levar a filha às compras. “Ela até me ajuda a comprar, ver o que está mais em conta”.
Para a pedagoga Mariana Arruda, a análise dos preços tem que ser ainda mais cuidadosa. “Quanto a livros, fiz pesquisas na Internet e na biblioteca da escola. Já os materiais ainda estou pesquisando em vários locais para comprar. Os preços subiram muito e temos que ver onde está mais em conta. Tenho quatro filhos em idade escolar, então a pesquisa tem que ser feita com bastante cuidado”, afirma.
A desempregada Leonice da Silva se surpreendeu com a diferença de preços no momento das compras. “Pesquisei e fiquei surpresa com a diferença de preços entre as papelarias. Mesmo assim, a que achei mais barata está com o preço um pouco acima no que diz respeito aos anos anteriores. Ainda bem que a lista de produtos escolares do meu filho, que tem sete anos, está menor em 2016. Com isso, os valores se equilibram”, explica a mãe, que preferiu não levar o filho para as compras. “Ele ainda não tem idade para me ajudar na escolha do material. Ele não exige nada; o único problema é no início das aulas, quando as crianças ficam comparando”, conclui.