Mudanças no estilo de vida podem minimizar risco de câncer

Médica especialista em oncologia faz um alerta sobre os hábitos da população que mais contribuem para o desenvolvimento de tumores

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LUCAS GANDIA

Em todo o mundo, mais de 12 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer a cada ano. Desse total, cerca de 8 milhões morrem. Se não ocorrerem mudanças efetivas, haverá 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano no mundo em 2030. Os dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) são assustadores, mas também servem como um importante alerta à saúde da população.

É justamente com o objetivo de chamar atenção para a doença que o dia 4 de janeiro tornou-se o Dia Mundial de Combate ao Câncer, data instituída em 2005 pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC).

Segundo a médica especialista em Oncologia Melissa Fiorentini, da clínica OncoItu – Instituto de Tratamento Unificado em Oncologia, o segredo para o combate à doença está justamente na mudança de comportamentos rotineiros. “As pessoas têm uma ideia errada ao pensar que a maior parte dos tumores está ligada à predisposição genética. Na verdade, é o contrário: a maior parte dos casos é aleatória e está associada a fatores ambientais. Isso significa que precisamos mudar nossos hábitos de vida”, ressalta.

Vilões
A médica afirma que, entre os brasileiros, os comportamentos que mais contribuem para o desenvolvimento de tumores são a alimentação inadequada, com consumo excessivo de alimentos industrializados e baixa ingestão de fibras; o sedentarismo; a exposição ao sol de forma irresponsável e as relações sexuais desprotegidas. O principal vilão, no entanto, ainda é o tabagismo. “Antigamente acreditavam que o cigarro só aumentava o risco de câncer de pulmão, mas hoje sabemos que ele também está ligado ao aumento de casos de câncer de bexiga, estômago e esôfago, entre outros”, observa. “Se existe algo que as pessoas podem fazer pela saúde é parar de fumar”.
Dra. Melissa observa que o câncer de pele ainda é o campeão de incidência em homens e mulheres no mundo todo.

Apesar das diferenças regionais, na sequência aparecem os tumores de mama e de próstata como os que mais atingem pacientes dos sexos feminino e masculino, respectivamente. “São tumores que podem ser detectados com exames relativamente simples e de baixo custo. Se a detecção for feita de forma precoce, você conseguirá combater a doença com grandes chances de cura”, enfatiza.

Qualidade de vida
Para a médica, a recente chegada do mamógrafo ao Centro de Referência da Mulher de Itu contribui para que as mulheres tenham facilidade de acesso aos exames preventivos de rotina. Entretanto, ainda há muito trabalho a ser realizado no campo da oncologia. “Os tratamentos têm melhorado bastante, mas o acesso ainda é restrito, pois nem todos são cobertos pelo Sistema Único de Saúde”, lamenta.

E para aqueles que têm receio do diagnóstico, Dra. Melissa tranquiliza: é possível, sim, tratar um câncer com qualidade de vida. “Algumas pessoas descobrem o câncer em estado curável, mas também existem aquelas que só descobrem quando o tumor já está em estado avançado, sem chances de cura. Há limitações, mas existem tratamentos que permitem que o paciente viva com qualidade”, finaliza.