Com polêmica, vereadores aprovam venda de cerveja nos estádios de futebol

Proposta foi duramente criticada por Balbina de Paula Santos, que votou contra junto com mais três colegas

O projeto de Lei nº 125/15, que dispõe sobre a comercialização de cerveja nos estádios de futebol, foi aprovado pelos vereadores durante a última sessão, realizada na quinta-feira (11). Apesar de ter passado, a discussão da propositura foi repleta de polêmica. Líder do prefeito, Balbina de Paula Santos (PMDB) criticou duramente a ideia, proposta pelos oito vereadores da oposição.

“Eu não sou contra a pessoa tomar a sua cervejinha”, declarou a vereadora. “Mas o que vem acontecendo dentro de um estádio? Violência, morte, separação de famílias. Tudo por causa da bebida”, continuou. Balbina disse ainda que, se o torcedor quiser beber sua cerveja fora do estádio, não tem problemas, mas criticou que a bebida seja vendida no interior do recinto esportivo.

“Existem pessoas que sabem beber e as que não sabem beber. E as que não sabem, vão para o estádio, compram a cerveja lá dentro, e eles vão ficar bêbados. E eles vão voltar para casa e fazer o que não devem”, justificou a vereadora, alertando para crimes domésticos e briga entre torcidas. “Nessa altura do campeonato, nesse mundo que estamos vivendo, eu sou contra. Nós temos que proibir”.

Balbina também lembrou da possibilidade do time da cidade, o Ituano, ser punido caso um torcedor atire dentro do campo um copo de cerveja. O presidente Marquinhos da Funerária (PSD), um dos autores do projeto, interviu e explicou que foi a própria diretoria do Galo que fez a solicitação. “Eu vou inocentar todos os vereadores aqui, porque se o Ituano for desclassificado o problema não é nosso, é da diretoria, pois foi ela que nos pediu. Nós estamos fazendo um favor”, disse. A vereadora então retrucou: “Se o papa pedisse para eu aprovar esse projeto, eu não aprovaria”.

Givanildo Soares (PROS) então pediu aparte e lembrou de um projeto de sua autoria, que instituía o “Dia do Ituano Futebol Clube”, que foi rejeitado mesmo sendo um pedido da diretoria do clube. “Eu entrei com um projeto, a pedido do presidente do Ituano, e essa Casa não aprovou. Isso não é justificativa. Não estou entrando no mérito do projeto”, declarou Giva.

Outro que pediu aparte durante pronunciamento de Balbina foi Hermes Jabá (SDD), que fez uma brincadeira sugerindo que na lei constasse que a cerveja deve ser comercializada “trincando” de gelada, o que irritou a vereadora. “É um absurdo isso vir de um vereador de nível como o Jabá. Esse é o vereador que a população votou”, disse Balbina. “É muito fácil brincar aqui, querendo que os estádios vendam bebida alcoólica trincando de gelada, ganhando R$ 7 mil por mês. Agora eu quero ver aquela família que o pai vai lá e gasta todo o dinheiro em bebida”, concluiu.

Outro lado
Josimar Ribeiro (PTN) então saiu em defesa do projeto. “Se a gente for interpretar dessa forma (como Balbina), nem estádios nem campings podem vender. Porque lá os caras bebem também, pegam pista”, disse em tom de ironia. Outro que defendeu foi Dr. Bastos (PSD). “Isso (a venda de cerveja) acontece em vários estádios de futebol do país, na Copa do Mundo houve, no exterior, em países de primeiro mundo ocorre”, disse. “Maior de idade responde por suas responsabilidades. Bebida já é dito: é pra se tomar moderadamente”, prosseguiu Bastos.

O vereador também lembrou da incoerência de não poder vender bebida em estádios, mas poder em outros locais. “A palavra certa é hipocrisia. Proíbe dentro do estádio, permite fora, em festas e outras aglomerações. Isso é hipocrisia, porque cada um é responsável por seus atos”, declarou Dr. Bastos. Já Zelito do Quiosque (PDT) disse que em outros estádios da cidade, como no “Souza Lima”, já ocorre a venda de cerveja e não há problemas.

Giva também lembrou que há venda de cerveja em outras festas, com a da Consciência Negra, e que tudo depende da índole da pessoa. “É um projeto que eu vou votar favorável partindo do princípio que todos os eventos têm comercialização de cerveja. Então no estádio não vai ser diferente”, comentou.

Aprovado
O projeto foi aprovado por 8 votos a 4. Além de Balbina, votaram contra Nair Langue (PRB), Eduardo Ortiz e Matheus Costa (ambos do DEM). A líder do prefeito pediu justificativa de voto e voltou a reafirmar sua posição contrária ao projeto. “Em outros estabelecimentos não têm problema, porque é um órgão particular que as pessoas bebem, ainda assim moderadamente. Agora, dentro de um estádio, onde a pessoa vai assistir um jogo, que é esporte, eu acho que não pode acontecer isso”, finalizou.