Primeira etapa de restauração da ‘Matriz’ é entregue

restauroCerimônia aconteceu na manhã de domingo. Presentes puderam contemplar o que há pelo menos um século estava escondido embaixo de camadas de tinta

 

A maior igreja barroca do Estado de São Paulo, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária de Itu teve na manhã deste domingo (28), a primeira parte da sua obra de restauração de bens móveis e integrados entregue à população.

A entrega aconteceu após a celebração da missa das 10h, celebrada pelo pároco Francisco Carlos Rossi. A manhã contou ainda com apresentação do Quinteto do Coral Vozes de Itu, regido pelo maestro Luis Roberto de Francisco, de composições do Padre Jesuíno do Monte Carmelo, que também foi o pintor de parte das pinturas da capela-mór.

A cerimônia contou com a presença do arquiteto do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan/SP, Mauro Bondi, da arquiteta Jurema Machado e da superintendente de São Paulo, Maria Cristina Donadelli, do presidente do Museu a Céu Aberto, Paulo Solano Pereira, e do responsável pela execução dos trabalhos de restauro, o conservador-restaurador Julio Moraes, da secretária municipal de Cultura, Allie Marie Queiroz, entre outros secretários e diretores municipais, além do padre Francisco Carlos Rossi, do prefeito Antonio Tuíze, do vice Neto Beluci e dos vereadores Balbina de Paula Santos e Olavo Volpato.

“A finalização da reintegração cromática das telas integradas às paredes, com temas das vidas de Cristo e de Maria, será feita no local, conjuntamente com as pinturas em imitação de azulejos, sobre temas do Antigo Testamento. Uma das telas está exposta na nave, para facilitar a visualização. No centro dela, uma área completamente reintegrada mostra ao público a diferença produzida nesta etapa final do restauro”, disse restaurador Julio Moraes.

“Essa é uma jóia dada a Itu. Agora a Matriz está ainda mais bonita para receber grandes celebrações, como casamentos. A comunidade ganha um verdadeiro presente”, disse o pároco Francisco Carlos Rossi.

Contemplado pela Lei Rouanet, o projeto de restauro possibilitou revelações, como pinturas nas paredes que estavam cobertas por tinta há mais de um século. A continuidade dos serviços promete expor outras riquezas escondidas nos altares colaterais do arco-cruzeiro e da nave.

Proposto pela OSCIP Museu a Céu Aberto, o projeto de restauro (Pronac nº 10-12592) contou com recursos da Lei Rouanet, via incentivo fiscal, sendo 50% dos recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e da 50% da Prefeitura da Estância Turística de Itu.

Para que a restauração da Igreja Matriz seja completa, é necessário um projeto complementar para a inclusão dos demais elementos artísticos como o arco do cruzeiro, altar de Nossa Senhora do Rosário, altar de São Miguel, capela do Divino Espírito Santo, capela de Nossa Senhora das Dores, capela de São Francisco, capela de Nossa Senhora da Boa Morte e capela de Nossa Senhora de Lourdes.

A primeira fase das obras começou no segundo semestre de 2014, como parte das celebrações dos 406 anos da cidade. A restauração tem revelado muitos dados inéditos e, do ponto de vista metodológico, o contato permanente entre os técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em São Paulo (Iphan/SP) e a equipe de restauro vem agilizando as decisões interventivas e proporcionando a otimização do trabalho.

Descobertas
A remoção de camadas de repinturas espúrias, nos taboados que revestem as paredes laterais da capela-mor, revelou cenas do Antigo Testamento da Bíblia, à moda de azulejaria em azul e branco, de autoria do até então desconhecido artista Matias Teixeira da Silva, executadas em 1788.

Além disso, a retirada das diversas repinturas na talha do altar-mor revelou trabalho de esmerado escultor também desconhecido, Bartolomeu Teixeira Guimarães. Também no altar, foi descoberta a pintura e douração pelo Mestre José Patrício da Silva Manso que, após o restauro, voltou a resplandecer sobre as vastas camadas de folheados em prata, nas quatro colunas salomônicas.

A pintura, assim como o uso extensivo de folheação à prata e ouro, foram utilizados originalmente em proporção incomum. As pinturas de Jesuíno do Monte Carmelo, localizadas nas paredes laterais da capela-mor, também passaram por restauração. Somente a douração das molduras dessas telas somam mais de cem metros de comprimento.