Professores da rede estadual fazem protesto e alunos ficam sem aula

Cerca de 60 professores participaram do protesto, realizado ao longo da sexta-feira (1). Diretoria de Ensino afirma estar ciente da situação

Escolas paralisadas

Lucas Gandia

Nesta sexta-feira (1), uma paralisação de professores da rede estadual de ensino de Itu deixou cerca de mil alunos sem aula em quatro escolas da cidade. O principal objetivo do movimento foi protestar contra o cancelamento do bônus por mérito para a categoria, anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) nesta semana.

Segundo apurado pelo “Periscópio”, não houve aula durante a manhã nas escolas estaduais “Professor Pery Guarany Blackman”, “Professora Sylvia de Paula Leite Bauer”, “Professora Priscila de Fátima Pinto” e “Professor Salathiel Vaz de Toledo”. Cerca de 60 professores aderiram à paralisação, que se estendeu ao longo dos períodos da tarde e da noite.

Em depoimento ao JP, um professor participante do protesto relatou que, assim que os alunos chegaram às escolas, os educadores explicaram os motivos da paralisação. Além do não pagamento do bônus, que deveria ter sido feito nesta quinta-feira (31), a categoria pede um reajuste salarial de 10%, contra os 2,5% propostos pelo governo estadual.

“Após a retirada de máquinas copiadoras, a redução de inspetores e demais funcionários de algumas instituições de ensino e o não pagamento do bônus, este ato tornou-se de suma importância. A crise na educação de São Paulo deve ser notada pela sociedade”, relata o profissional, que não se identificou à reportagem por questões de segurança.

O protesto, realizado pontualmente na sexta-feira, não possui relação com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Entretanto, segundo Rita Leite Diniz, presidente da subsede sindical de Salto, Itu e Porto Feliz, a instituição está atenta às reivindicações dos educadores. “Nós não fizemos a convocação para essa paralisação, mas não desamparamos os professores. A luta deles também é nossa”, afirma.

Sem bônus
Na última segunda-feira (28), Geraldo Alckmin anunciou que não pagaria o bônus por mérito aos professores da rede estadual. Criado em 2008, o benefício é dado às escolas que atingiram ou superaram as metas estabelecidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp).

Segundo o governador, o valor referente ao pagamento do bônus será convertido em reajuste à categoria. Em enquete realizada durante a semana, o governo propôs aos professores que escolhessem entre a bonificação ou um reajuste de 2,5%, que valeria para toda a categoria. O resultado apontou que 92,6% dos educadores preferem receber o bônus por desempenho. Os sindicatos da categoria foram contrários à consulta e orientaram os professores a não responderem, por defenderem que nenhuma das alternativas era “razoável”.

Diretoria de Ensino
Questionado pelo JP, o dirigente regional de ensino da região de Itu, Anivaldo Roberto de Andrade, afirmou que, das quatro instituições paralisadas, não visitou apenas a escola “Professora Priscila de Fátima Pinto”. “Os professores disseram que a paralisação era a respeito do bônus. O secretário da educação tem uma entrevista coletiva sobre isso hoje (sexta-feira, 1) à tarde”, ressaltou. “Não tenho informação sobre reajuste. Isso é tratado em nível de governo estadual, então não tenho como me posicionar. Já a falta de copiadoras é um processo que está acontecendo em todo o Estado de São Paulo; o contrato com a empresa que prestava o serviço terminou e a licitação fracassou”.

Na tarde de ontem, Geraldo Alckmin voltou atrás e decidiu que vai pagar o bônus por desempenho aos servidores da Educação do Estado de São Paulo.