Em cada um, um jornalista
Por Sarah Vasconcellos
Quem me conhece já sabe: oriento a quem vive em Itu, que ande sempre olhando para baixo. A educação pede que se olhe para frente, para que possamos ver o movimento e obviamente as pessoas que estão ao redor, mas em Itu essa situação é mais complicada do que parece. Olhar para frente pode lhe render um tombo inesquecível!
É notória a precariedade das calçadas ituanas. E sejam elas quais forem. Não importa se estão nos bairros ou na região central da cidade. Andar em Itu é um perigo! Se o pedestre estiver em perfeitas condições de locomoção, ótimo, ele consegue facilmente driblar os muitos obstáculos, como a falta de nivelamento, os buracos, as rachaduras e muitas vezes o chão mais liso do que deveria ser.
E quem tem qualquer deficiência? Os cadeirantes estão aí para serem questionados. Andar pelas ruas pode ser uma alternativa viável, mas como muitas são estreitas e a maioria esmagadora, esburacada, é preferível mesmos ficar em casa e pedir que alguém faça o que o cadeirante precisa, se isso for possível.
Outra dificuldade muito grande das calçadas é a tal da acessibilidade. Muitas rampas estão visivelmente inclinadas de maneira errada, forçando muitas cadeiras a empinarem. Olha o perigo aí de novo! Mas não são só aqueles que andam em suas cadeiras de roda, os que sofrem pelas calçadas. Existem muitas pessoas que dependem de muletas, bengalas ou mesmo tenham alguma deficiência física que a impeçam de andar tranquilamente.
É pensando nessas pessoas que alguma atitude deveria ser tomada, e pra ontem. É preciso deixar de lado o pensamento de que só em período eleitoral é que as mudanças realmente acontecem. Quem se sente incomodado deve procurar seus direitos. O governo vai dizer que as calçadas são de responsabilidade do proprietário do lote em questão, então que cada um seja capaz de cuidar do que é seu, poxa!
Essa história é antiga e providência que é bom nunca é tomada. Pode reparar: quantas são as calçadas reformadas em Itu no momento? E quando são, sempre tem um ‘espertinho’ que adora ‘decorar’ o cimento com frases ou pegadas dos próprios pés. Aí já entra a falta de cidadania e educação, mas essa é outra questão. Muitas são as reclamações recebidas na Redação deste “Periscópio” e é por elas que nosso trabalho como jornalista se torna cada dia mais importante, afinal elas servem como base de muitas matérias publicadas nas páginas deste jornal.
O dia do jornalista foi comemorado nesta semana, mais precisamente no dia 07 de abril e os motivos são infinitos para celebrar a data. Através desta profissão, nós, jornalistas, damos voz aos desejos calados ou tímidos do povo que precisa de solução. Como é importante poder ouvir e contar histórias!
E como é difícil não se envolver com a causa dos entrevistados. Muitas das reivindicações que chegam ao jornal, se unem ao desejo de muitos profissionais, que também como cidadãos aguardam por mudanças significativas, principalmente em uma época onde a ética é algo questionável entre os governantes.
“O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter”, já dizia um dos grandes nomes desta classe, o jornalista Claudio Abramo. Ele está certo quando afirma tal questão, mas o correto seria que todos pegassem essa regra para si.
Com inteligência e caráter a sociedade certamente seria outra, seria mais humana e mais justa. Seria mais ativa, mais participativa e mais ética. Todos esses bons princípios gerariam mudanças positivas na sociedade, a começar daquela calçada esburacada ali, que serve para ferir esse e aquele. Taí um bom conselho: que todos possam ser um pouco ‘jornalistas’, lutando principalmente pela verdade dos fatos e buscando incansavelmente a solução dos problemas.
Quem sabe assim, andar olhando para a frente seja a primeira atitude tomada, não é mesmo?