Gandini suspende produção de veículo da Kia e interrompe atividades da Geely
Decisões foram motivadas pela baixa demanda do mercado interno brasileiro. Empresa ressalta que as medidas são temporárias
Lucas Gandia
Com o mercado brasileiro enfraquecido, a Kia Motors do Brasil, presidida pelo empresário ituano José Luiz Gandini, decidiu suspender a produção do caminhão Bongo 2.500, realizada no Uruguai. A empresa afirma que a medida possui caráter temporário, devido à baixa demanda nacional motivada pela crise político-econômica atravessada pela nação.
A suspensão da produção no Uruguai afetou 170 funcionários, que estão hoje em regime de seguro-desemprego. Em seu auge, há cerca de seis anos, a linha de montagem no país vizinho chegou a empregar 300 trabalhadores.
O cenário atual também motivou o Grupo Gandini a suspender as importações dos modelos da chinesa Geely Motors Corporation. “Infelizmente, a operação da Geely Motors no Brasil foi iniciada em 2014, ano em que o setor automotivo começou a cair drasticamente. Por meio de acordo consensual, as importações foram interrompidas, também temporariamente”, ressalta Gandini. “Assim que voltar à normalidade, a marca reinicia suas operações”.
Desde que começou a operar no país, a Geely emplacou 182 unidades em 2014, 651 em 2015 e 186 no primeiro trimestre deste ano. Questionado sobre as atividades da marca chinesa em Itu, o empresário enfatiza que elas foram interrompidas, e não encerradas. “Os serviços de pós-vendas serão mantidos”, pondera.
Cenário difícil
José Luiz Gandini, que assumiu no início deste mês a presidência da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) pela quinta vez, não faz uma avaliação otimista do cenário nacional. “Com 30 pontos adicionais no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) aos carros importados, fica muito difícil ter competitividade no mercado interno”, lamenta.
Para reverter esse quadro, Gandini afirma que a Abeifa busca diálogo com o governo brasileiro no sentido de extinguir essa diferenciação de impostos. “Busca por isonomia. A melhoria de nosso setor virá com o tratamento isonômico de impostos”, garante o empresário.