Moradores de rua transformam terreno vazio em abrigo no Jardim Santa Tereza

Há cerca de dois meses, imóvel localizado na Rua Joaquim Corrêa tornou-se moradia para quase dez pessoas

Moradores de rua

Ana Luísa Tomba

Um terreno localizado na Rua Joaquim Corrêa, no Jardim Santa Terezinha, tornou-se abrigo para cerca de dez moradores de rua. Instalados no local há dois meses, os sem-teto vivem de doações de alimentos e bebidas que ganham batendo de porta em porta, além de trocados adquiridos quando contribuem com a reciclagem do lixo.

O cenário é quase imperceptível para quem passa com pressa pela rua, já que não há nenhuma cobertura para que os moradores se protejam da chuva. Entretanto, há alguns galões d’água vazios pelo chão, sacos de lixo cobrindo os pertences, mochilas e sacolas plásticas com frutas e verduras penduradas nas árvores e tijolos e caixas de madeira que servem de banquinhos para os moradores do local. Segundo os próprios moradores, o local foi escolhido por ser “menos movimentado e mais seguro”.

“A gente procura deixar tudo organizado. Daqui a pouco vou varrer essas folhas do chão, por exemplo. Tudo para não chamar muita atenção e não incomodar ninguém”, conta uma das moradoras, que não quis se identificar.

Desemprego
Após divorciar-se e perder o emprego, J. R., 33 anos, começou a dormir pelas ruas de Itu. Porém, na tentativa de não deixar que sua filha o visse morando na rua, com vergonha, o ex-vigilante se afastou do bairro em que morava e, há aproximadamente vinte dias, instalou-se no terreno do Jardim Santa Tereza, onde já havia mais pessoas morando, como a também desempregada S. A., 35 anos. Eles contam que há um total de seis moradores fixos no local, mas toda noite aparece mais alguém para dormir, ou durante o dia, outros três ou quatro permanecem pelo local.

Quando a reportagem do “Periscópio” visitou o terreno, os cinco moradores que estavam lá contaram que foram parar nas ruas por conta do desemprego. “Roubar, a gente não rouba. A única maneira de conseguir dinheiro agora é ajudando na reciclagem. Comida a gente arranja nas feiras ou pedindo pro pessoal que passa. Sempre dão alguma coisa e eu cozinho aqui”, afirma J. R., mostrando a panela no chão. Todos pretendem sair do terreno assim que arranjarem um trabalho.

Segurança
J.R. conta que era difícil dormir em outros lugares, mas o terreno ajuda um pouco, por não ter tanto movimento. “É óbvio que a gente tem medo de alguém passar e atear fogo ou querer bater, por isso os cachorros ficam de segurança” afirma. A moradora S.A. disse que, no dia anterior, alguns policiais passaram rapidamente por lá, mas ela não quis falar com eles.

Prefeitura
A reportagem do “Periscópio” questionou a Prefeitura de Itu sobre a situação desses moradores. Em resposta, a Secretaria Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social informou que “os cidadãos que ocupam a referida área recebem assistência através do Centro POP e passam por constantes abordagens, sendo orientados sobre os programas sociais disponíveis no município”.